ATA DA VIGÉSIMA QUINTA
SESSÃO ORDINÁRIA DA TERCEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA
LEGISLATURA, EM 19.04.1999.
Aos dezenove dias do mês de abril do ano
de mil novecentos e noventa e nove reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do
Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas
foi efetuada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Clênia
Maranhão, Cyro Martini, Guilherme Barbosa, Hélio Corbellini, João Carlos Nedel,
João Dib, Juarez Pinheiro, Paulo Brum, Reginaldo Pujol e Gilberto Batista.
Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Antônio
Losada, Carlos Alberto Garcia, Cláudio Sebenelo, Décio Schauren, Eliseu Sabino,
Elói Guimarães, Fernando Záchia, Helena Bonumá, Isaac Ainhorn, João Motta, José
Valdir, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Maristela Maffei, Pedro Américo Leal, Renato
Guimarães, Sônia Santos, Sonia Saraí e Tereza Franco. Constatada a existência
de "quorum", o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos e
determinou a distribuição em avulsos de cópias da Ata da Vigésima Segunda
Sessão Ordinária, que foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo Vereador
Isaac Ainhorn, o Projeto de Lei do Legislativo nº 30/99 (Processo nº 1181/99);
pelo Vereador João Carlos Nedel, o Projeto de Lei do Legislativo nº 32/99
(Processo nº 1232/99); pelo Vereador João Dib, o Projeto de Resolução nº 13/99
(Processo nº 1229/99). Ainda, foi apregoado o Ofício nº 180/99, do Senhor
Prefeito Municipal de Porto Alegre, encaminhando Projeto de Lei do Executivo nº
04/99 (Processo nº 1286/99). Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 10/99, do
Senhor Paulo Roberto Teixeira Guerra, Gerente GETES/DEFIN do Banco Nacional de
Desenvolvimento do Extremo Sul - BNDES; s/nº, do Senhor João Scharinger, Chefe
AI/DETRU do Banco Nacional de Desenvolvimento do Extremo Sul - BNDES; s/nº, do
Senhor Elvo Clemente, Secretário do Círculo de Pesquisas Literárias. A seguir,
o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Edir
Medeiros, Presidente da Sociedade Espírita Ramiro D'Avila, que discorreu sobre
os problemas enfrentados e o trabalho desenvolvido pela entidade que preside,
de assistência social à comunidade mais carente da Cidade, referindo-se, em
especial, ao programa "Sopa dos Pobres", e solicitando o apoio da
Casa para que seja viabilizada a continuidade desse trabalho. Na oportunidade,
o Vereador João Dib procedeu à entrega, ao Senhor Edir Medeiros, de cópia do
Decreto 9810, acerca do uso do período de Tribuna Popular em frente à
Prefeitura Municipal. Na ocasião, o Senhor Presidente deferiu os seguintes
Requerimentos verbais: do Vereador Adeli Sell, solicitando o envio de cópias
dos apanhados taquigráficos do pronunciamento do Senhor Edir Medeiros para a
Fundação de Educação Social e Comunitária, para o Gabinete do Prefeito e para o
Gabinete da Primeira Dama do Estado; dos Vereadores Guilherme Barbosa e Hélio
Corbellini, solicitando o encaminhamento à Comissão de Defesa do Consumidor e
Direitos Humanos das notas taquigráficas acima referidas, para debate do
assunto e busca de soluções; do Vereador Reginaldo Pujol, solicitando que seja
buscado o empenho de todas as Lideranças da Casa para a continuidade do
trabalho relatado pelo Senhor Edir Medeiros. Também, os Vereadores Clênia
Maranhão, Eliseu Sabino e José Valdir manifestaram-se em apoio à Sociedade
Espírita Ramiro D'Avila. Após, os trabalhos foram suspensos das quatorze horas
e vinte minutos às quatorze horas e vinte e um minutos, nos termos regimentais.
Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do
Legislativo nºs 24/99, discutido pelos Vereadores João Dib, Guilherme Barbosa,
Reginaldo Pujol e Clênia Maranhão; 27/99, este discutido pelo Reginaldo Pujol;
28/99, este discutido pelos Vereadores Guilherme Barbosa e Reginaldo Pujol; em
2ª Sessão, o Substitutivo nº 01 ao Projeto de Lei do Legislativo nº15/99,
discutido pelos Vereadores Hélio Corbellini e Clênia Maranhão; o Projeto de Lei
do Legislativo nº 26/99, este discutido pelo Vereador Reginaldo Pujol; em 3ª
Sessão, o Projeto de Lei do Legislativo nº 15/99. Na oportunidade, por
solicitação do Vereador Antônio Losada, foi efetuado um minuto de silêncio,
face ao passamento do Senhor Antônio Gregol, pai do Senhor Giovani Gregol.
Também, foi apregoada Declaração do Suplente João Bosco Vaz, informando seu
impedimento de assumir a vereança no dia de hoje, em substituição ao Vereador
Pedro Ruas, e Declaração do Vereador Isaac Ainhorn, informando o impedimento do
Suplente Milton Zuanazzi de assumir a vereança no dia de hoje. Após, o Senhor
Presidente declarou empossado na vereança o Suplente Mário Fraga, no dia de
hoje, em substituição ao Vereador Pedro Ruas, licenciado para desempenhar cargo
público, informando que Sua Excelência integrará a Comissão de Economia,
Finanças e Orçamento. Na oportunidade, face Questão de Ordem do Vereador Paulo
Brum, o Senhor Presidente prestou informações acerca da posse do Suplente Mário
Fraga, acima referida. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Pedro Américo Leal
registrou o transcurso, hoje, do Dia do Exército, historiando sobre a definição
desta data, originada nas lutas efetuadas no estado de Pernambuco contra os
holandeses, em mil seiscentos e quarenta e oito, quando foi esboçado o primeiro
exército do povo brasileiro, através da integração de diferentes raças na busca
da defesa do País. O Vereador Isaac Ainhorn teceu considerações sobre Projeto
de Lei do Legislativo nº 30/99, de sua autoria, que objetiva institucionalizar
o Orçamento Participativo em Porto Alegre, declarando que este sistema de
participação popular possui um papel importante na Cidade mas não pode ser
transformado em instrumento de partidos políticos. Ainda, comentou a forma de
implantação do Orçamento Participativo no Estado. Após, os trabalhos estiveram
suspensos das quinze horas e nove minutos às quinze horas e dez minutos, nos
termos regimentais. A seguir, constante a existência de "quorum", foi
aprovado Requerimento verbal do Vereador Renato Guimarães, solicitando
alteração na ordem dos trabalhos da presente Sessão. Em continuidade, foi
iniciado o período de GRANDE EXPEDIENTE, hoje destinado a abordar questões
relativas à Semana dos Povos Indígenas, nos termos do Requerimento nº 70/99
(Processo nº 1094/99), de autoria do Vereador Renato Guimarães. Compuseram a
Mesa: o Vereador Juarez Pinheiro, 1º Vice-Presidente da Câmara Municipal de
Porto Alegre; a Senhora Márcia Bauer, Coordenadora de Direitos Humanos da
Prefeitura Municipal, representando o Senhor Prefeito Municipal de Porto
Alegre; a Senhora Cleci Elisa Bozzetto, representante do Conselho Estadual do
Índio; o Vereador Adeli Sell, 1º Secretário da Casa. Em GRANDE EXPEDIENTE, o
Vereador Renato Guimarães registrou atividades a serem realizadas no Brasil nos
dias dezenove, vinte e vinte e um de abril do corrente, integrantes do projeto
"Os outros 500 anos". Destacou a importância da reflexão sobre a
situação real vivenciada pelos povos indígenas desde a chegada dos portugueses
ao País, defendendo a implantação de políticas que atendam aos direitos básicos
desses povos. A Vereadora Helena Bonumá teceu considerações acerca do modelo
econômico vigente no País, criticando a atuação do Governo Federal e afirmando
ocorrer uma associação com mecanismos internacionais, que tem como resultado a
exploração do povo brasileiro. Ainda, atentou para os reflexos deste modelo
desenvolvimentista sobre as populações indígenas do Brasil. Em COMUNICAÇÃO DE
LÍDER, a Vereadora Clênia Maranhão traçou paralelo entre a situação das
populações indígenas na época atual e no ano de mil e quinhentos, analisando o
significado da questão da terra para essas comunidades e salientando a
necessidade de políticas que garantam uma vida digna para os índios
brasileiros. Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra à
Senhora Márcia Bauer, que teceu considerações quanto aos problemas enfrentados
pelos povos indígenas brasileiros, em especial os residentes em Porto Alegre,
ressaltando a forma como esses problemas vêm sendo encaminhados pela Prefeitura
Municipal. A seguir, os trabalhos foram suspensos das quinze horas e quarenta e
um minutos às quinze horas e quarenta e dois minutos, nos termos regimentais.
Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Guilherme Barbosa questionando o tratamento
concedido pela Igreja Católica às populações indígena e negra do Brasil, desde
a colonização portuguesa, afirmou ter ocorrido um condicionamento desses grupos
populacionais para aceitação de quadros de pobreza e injustiça social, lendo
trechos de análise da conjuntura brasileira elaborada por equipe coordenada
pelo Padre Virgílio Leite Uchôa e pelo Senhor Francisco Whitaker Ferreira,
apresentada da 37ª Assembléia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil. Na oportunidade, o Senhor Presidente registrou a presença do Jornalista
Armando Burd, do Jornal Correio do Povo. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador
Reginaldo Pujol referiu-se ao pronunciamento do Vereador Guilherme Barbosa,
comentando análise da conjuntura brasileira apresentada na 37ª Assembléia Geral
da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Também, teceu considerações
acerca de manifesto divulgado pelo Sindicato dos Municipários de Porto Alegre,
intitulado "Hospital de Pronto Socorro Completa 55 Anos Sofrendo",
onde é questionada a atuação do Executivo Municipal na área da saúde pública. O
Vereador Luiz Braz procedeu à leitura de manifesto partidário elaborado pelo
Partido Trabalhista Brasileiro, onde a atuação no País do Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem-Terra - MST é classificada como "assassina e
covarde", sendo criticada a teoria e prática do Partido dos Trabalhadores
no referente ao apoio concedido a esse movimento. O Vereador Adeli Sell
historiou dados relativos à fundação e à evolução do Partido dos Trabalhadores,
declarando que as diferenças verificadas entre este e os demais partidos
situam-se nos campos da ideologia, do debate e da atuação livre e democrática.
Também, propugnou por medidas que garantam a manutenção dos princípios éticos
que devem nortear os governantes brasileiros, em todas as esferas de atuação.
Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Lauro Hagemann saudou o Senhor João Verle
pela assunção ao cargo de Presidente do Banco do Estado do Rio Grande do Sul -
BANRISUL, referindo-se a declarações por ele prestadas à imprensa, relativas à
possibilidade de venda de ações do BANRISUL e mencionando artigo do Jornalista
Luís Fernando Veríssimo, intitulado "Paciência", publicado hoje no
Jornal Zero Hora. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Vereador Cláudio Sebenelo teceu
críticas à atuação do Partido dos Trabalhadores à frente do Executivo
Municipal, afirmando existirem problemas estruturais decorrentes da
ineficiência na administração dos recursos destinados ao sistema de saúde pública
do Município. Ainda, manifestou-se sobre a Lei nº 8689, propugnando pelo
efetivo cumprimento desta legislação pelo Executivo Municipal. O Vereador João
Dib saudou o Jornalista Armando Burd. Registrou o transcurso, hoje, do
aniversário do ex-Presidente da República Getúlio Vargas, procedendo à leitura
de trechos do discurso proferido pelo Senhor Assis Chateaubriand quando de sua
posse na Academia Brasileira de Letras, em vinte e sete de setembro de mil novecentos
e cinqüenta e cinco. Também, referiu-se ao transcurso do qüinquagésimo quinto
aniversário de fundação do Hospital de Pronto Socorro - HPS. O Vereador Renato
Guimarães saudou o Hospital de Pronto Socorro - HPS, pelo transcurso dos
cinqüenta e cinco anos dessa entidade. Também, manifestou-se a respeito de
denúncias divulgadas pela imprensa, relativas ao fornecimento a proprietários
de Bancos, por membros da equipe econômica do Governo Federal, de informações
sigilosas sobre medidas econômicas a serem aplicadas no mercado financeiro. Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Reginaldo Pujol afirmou que as denúncias
referidas pelo Vereador Renato Guimarães, quanto a informações sigilosas divulgada
por membros do Governo Federal, foram feitas de maneira anônima e ainda estão
sendo investigadas. Também, teceu considerações a respeito dos trabalhos das
Comissões Parlamentares de Inquérito constituídas no Congresso Nacional, a fim
de apurar denúncias de irregularidades ocorridas no âmbito do Poder Judiciário
e do Sistema Financeiro Nacional. A seguir, constatada a existência de
"quorum", foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Votação, foi aprovado o
Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 11/97, com ressalva da Emenda nº
01 a ele aposta, por dezessete votos SIM e quinze votos NÃO, após ser
encaminhado à votação pelos Vereadores Reginaldo Pujol, Elói Guimarães, Luiz
Braz, Renato Guimarães e Antonio Hohlfeldt, em votação nominal solicitada pelo
Vereador Juarez Pinheiro, tendo votado Sim os Vereadores Antonio Hohlfeldt,
Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Eliseu Sabino, Elói Guimarães, Fernando
Záchia, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, João Dib, Luiz Braz, Paulo Brum,
Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Sônia Santos, Tereza Franco, Gilberto
Batista e Mário Fraga e Não os Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Carlos
Alberto Garcia, Cyro Martini, Décio Schauren, Guilherme Barbosa, Helena Bonumá,
Hélio Corbellini, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro Hagemann,
Maristela Maffei, Renato Guimarães e Sonia Saraí. Após, foi aprovada a Emenda
nº 01 aposta ao Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 11/97, por
dezenove votos SIM e doze votos NÃO, em votação nominal solicitada pelo
Vereador Juarez Pinheiro, tendo votado Sim os Vereadores Antonio Hohlfeldt,
Carlos Alberto Garcia, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Eliseu Sabino, Elói
Guimarães, Fernando Záchia, Hélio Corbellini, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel,
João Dib, Luiz Braz, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Sônia
Santos, Tereza Franco, Gilberto Batista e Mário Fraga e Não os Vereadores Adeli
Sell, Antônio Losada, Cyro Martini, Décio Schauren, Guilherme Barbosa, Helena
Bonumá, João Motta, José Valdir, Juarez Pinheiro, Maristela Maffei, Renato
Guimarães e Sonia Saraí. Foi rejeitado Requerimento do Vereador Guilherme
Barbosa, solicitando o adiamento da votação, por uma Sessão, do Projeto de Lei
Complementar do Executivo nº 02/98, por treze votos SIM e dezesseis votos NÃO,
em votação nominal solicitada pelo Vereador Luiz Braz, tendo votado Sim os
Vereadores Adeli Sell, Antônio Losada, Cyro Martini, Décio Schauren, Guilherme
Barbosa, Helena Bonumá, Hélio Corbellini, João Motta, José Valdir, Lauro
Hagemann, Maristela Maffei, Renato Guimarães e Sonia Saraí e Não os Vereadores
Antonio Hohlfeldt, Cláudio Sebenelo, Clênia Maranhão, Elói Guimarães, Fernando
Záchia, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel, João Dib, Luiz Braz, Paulo Brum,
Pedro Américo Leal, Reginaldo Pujol, Sônia Santos, Tereza Franco, Gilberto
Batista e Mário Fraga. Em Votação, foi votado o Projeto de Lei Complementar do
Executivo nº 02/98, com ressalva da Emenda nº 01 a ele aposta, o qual obteve
quinze votos NÃO, após ser encaminhado à votação pelos Vereadores Guilherme
Barbosa e Elói Guimarães, em votação nominal solicitada pelo Vereador João Dib,
tendo votado os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Cláudio Sebenelo, Clênia
Maranhão, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Isaac Ainhorn, João Carlos Nedel,
João Dib, Luiz Braz, Paulo Brum, Reginaldo Pujol, Sônia Santos, Tereza Franco,
Gilberto Batista e Mário Fraga, votação esta declarada nula pelo Senhor
Presidente, face à inexistência de "quorum" deliberativo. Na ocasião,
face Questões de Ordem dos Vereadores Isaac Ainhorn, João Dib e Luiz Braz, o Senhor
Presidente prestou esclarecimentos acerca da direção dos trabalhos e das
disposições regimentais atinentes à prerrogativa de voto dos membros da Mesa
Diretora que, concitados a exercerem a presidência dos trabalhos, declinarem
desta função. Também, o Vereador Luiz Braz formulou Requerimento verbal, deferido
pelo Senhor Presidente, solicitando fossem nominados os Senhores Vereadores que
votaram quando da apreciação do Projeto de Lei Complementar do Executivo nº
02/98. Às dezoito horas e dez minutos, constatada a inexistência de
"quorum" deliberativo, o Senhor Presidente declarou encerrados os
trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária da próxima
sexta-feira, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores
Juarez Pinheiro, Adeli Sell e Paulo Brum e secretariados pelos Vereadores Adeli
Sell e Isaac Ainhorn. Do que eu, Adeli Sell, 1º Secretário, determinei fosse
lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será
assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): Passamos à
O
Sr. Edir Medeiros, representando a Sociedade Espírita Ramiro D’Ávila, está com
a palavra pelo tempo regimental de 10 minutos.
O SR. EDIR MEDEIROS: Sr. Presidente da Câmara, Senhores
componentes da Mesa, Senhores Vereadores. Meu nome é Edir Medeiros e eu presido
a Sociedade Espírita Ramiro D’Ávila, que é conhecida na comunidade como “Sopa
do Pobre”.
A
nossa Casa tem 67 anos de existência, servindo e amparando a nossa comunidade
carente de Porto Alegre. E é sobre esta comunidade que eu vim falar. Eu vim
falar sobre pessoas que não fazem parte de nenhuma estatística, que não votam,
mas são irmãos nossos que fazem parte do nosso dia-a-dia, nas esquinas, nas
pontes, dormindo no portal das nossas casas. Eu vim falar, hoje, sobre os
mendigos e sobre a Sociedade Espírita Ramiro D’Ávila. Nós servimos diariamente
na nossa Casa, no horário compreendido entre 10 horas e 30 minutos e 12 horas,
entre 800 e 1000 pratos de sopa, de segunda a sábado, para esse povo que, como
eu disse, vive nas ruas da nossa Capital. E esse povo tem na “Sopa do Pobre” a
sua única refeição do dia. E é em nome deles que eu vim hoje falar aos Senhores
Vereadores. A nossa Casa presta esse serviço contando somente com as doações da
comunidade. Nós não temos nenhuma fonte fixa de renda; tudo o que fornecemos,
como roupas, calçados e alimentos, são produtos de doações da comunidade.
Quando há excedentes, as doações são repassadas para outras comunidades que,
como a nossa, prestam esse serviço.
Estamos
inaugurando na nossa Casa um consultório odontológico, que passará a funcionar
já no mês de abril. Todos nós sabemos que os mendigos não têm acesso a dentista
nem pelo SUS e, agora, eles terão atendimento odontológico duas vezes por
semana na nossa Sociedade. Já temos um consultório montado e teremos dentistas
duas vezes por semana para fazer esse atendimento.
O
que mais tem nos alarmado é que não são só os mendigos que estão freqüentando a
nossa Casa: famílias inteiras de pessoas carentes e desempregadas estão
acorrendo à nossa Sociedade em busca de alimentação, em busca da sopa e de um
ranchinho básico que distribuímos uma vez por mês. Isso nos assusta, porque
estamos perdendo essa guerra. À medida que a fome e a miséria aumentam na nossa
Capital, está diminuindo a nossa capacidade de atender essas criaturas. É por
isso que vim hoje aqui falar aos Srs. Vereadores: nós precisamos aumentar a
nossa capacidade de atendimento na mesma proporção que aumentam a miséria e a fome
nas ruas da nossa Capital.
Assim
como nós temos a sopa, nós temos também uma creche na frente do Estádio do
Grêmio que atende, hoje, 48 crianças carentes de dois a seis anos, em regime de
semi-internato.
Além
da sopa, da creche, temos a rouparia, o consultório dentário e o serviço de
lavagem e corte de cabelo que fazemos na nossa Casa. A nossa capacidade de
atendimento tem diminuído porque as doações que vinham sempre para a nossa
Casa, como sobra de bufês, de restaurantes públicos e de outros restaurantes
particulares, que normalmente eram repassados para compor a nossa sopa, estão
deixando de vir. Há muitos empresários que preferem mandar a sobra dos seus
bufês para o interior do Estado para engordar porcos, enquanto nossos irmãos
humanos morrem de fome ao alcance da nossa vista. Precisamos mudar esse quadro.
A minha presença hoje, aqui, é para divulgar e mostrar isso aos nossos
Vereadores, aos nossos representantes. Independentemente de crença religiosa,
de bandeira, de credo, porque a miséria existe e atinge a todos.
Digo
aos nossos irmãos Vereadores: existe muita miséria gritando pelas ruelas do
mundo, clamando por socorro, e só corações sensíveis e mentes abertas e
voltadas à caridade escutam esses apelos. Por isso, estou aqui apelando aos
nossos Vereadores para que olhem naquela direção, que enxerguem a “Sopa do
Pobre”; vamos fazer alguma coisa para diminuir a fome e a miséria desses nossos
irmãozinhos que perambulam pelas ruas. Não só a deles, mas a dos nossos
trabalhadores ou ex-trabalhadores que hoje estão acorrendo à nossa Sociedade em
busca de comida. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Convidamos o Sr. Edir Medeiros para
fazer parte da Mesa Diretora dos trabalhos.
O SR. JOÃO DIB (Requerimento): Sr. Presidente, ao mesmo tempo em que
saúdo o Presidente Edir Medeiros pelo brilhante trabalho que a “Sopa do Pobre”
faz - e eu conheço bem -, gostaria de entregar a ele uma cópia do Decreto nº
9810, já que a Tribuna Popular nunca foi usada na frente da Prefeitura e, talvez,
fosse um local muito importante, porque algumas centenas de pessoas ouviriam e,
talvez, de imediato, começassem a receber recursos. Saúde e paz! Muito
obrigado.
O SR. PRESIDENTE: O Sr. 1º Secretário passará as mãos do
Presidente Edir o Decreto referido pelo Ver. João Dib.
O SR. ADELI SELL (Requerimento): Sr. Presidente, gostaria de requerer à
Presidência que as notas taquigráficas da intervenção do Sr. Edir fosse enviada
à Fundação Educacional Social e Comunitária da Prefeitura Municipal de Porto Alegre
(FESC), bem como aos Gabinetes do Prefeito e Vice-Prefeito, e para o Gabinete
da Primeira Dama do Estado, dada a importância desta Instituição.
O SR. PRESIDENTE: Está deferido, Vereador.
O SR. GUILHERME BARBOSA (Requerimento):O meu Requerimento, Sr. Presidente, é em
face de o problema ultrapassar as instâncias governamentais. A nossa Comissão
de Direitos Humanos - e aqui fica a sugestão - poderia assumir este tema e
promover uma iniciativa, uma campanha a partir da Câmara de Vereadores para que
a gente pudesse, de fato, dar uma ajuda importante, porque estaremos ajudando,
na verdade, não o abrigo, mas a comunidade mais pobre.
O SR. PRESIDENTE: O Sr. Presidente da Comissão está
presente, ouviu as palavras de V. Exa. e, se entender oportuno, poderá tomar as
providências requeridas por V. Exa.
O SR. REGINALDO PUJOL (Requerimento): Sr. Presidente, fazendo coro com as
demais Lideranças da Casa que se manifestaram, dada a relevância do assunto
trazido à Casa e vendo que o objetivo de todos é somar esforços para que se
busque o enfrentamento do problema da forma mais racional possível, e tendo em
vista os dois Requerimentos anteriores, peço que não deixem de ser envolvidas
todas as Lideranças da Casa. E que este material todo seja colocado à
disposição de todas as Lideranças, como uma forma de envolver o plural do
Legislativo em solidariedade, que não deve ficar apenas nos nossos
pronunciamentos, que são tímidos diante da relevância da proposição, para que
se desencadeie um processo coletivo que envolva o Legislativo, o Executivo, as
forças vivas da sociedade, para que não se interrompa esse esforço maravilhoso
que se realiza há tanto tempo em Porto Alegre. Agora, pelas informações que nos
chegam, a entidade encontra-se com dificuldades que não pode superar sozinha. É
preciso que a sociedade que representamos colabore para que esse trabalho não
se interrompa.
O SR. PRESIDENTE: Obrigado, Ver. Reginaldo Pujol.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Saudando o nosso Presidente da “Sopa do
Pobre” - é assim que Porto Alegre conhece a entidade - quero ratificar, Sr.
Presidente, os encaminhamentos feitos pelas Lideranças e ratificar, também, o apoio e a solidariedade da Casa, em nome
pessoal, como Vereadora, e também em nome da minha Bancada do PMDB, dizendo que
é fundamental que a Câmara acompanhe todas as iniciativas de manutenção, os
apoios recebidos pela entidade.
Sabemos
que nesse processo de transição governamental muitas vezes há morosidade grande
nos repasses dos recursos da área social, e uma entidade que trabalha com a urgência
e com uma população tão fragilizada como essa tem que, evidentemente, ter um
acompanhamento do Poder Público. Parabéns pelo trabalho, a toda a Diretoria e
pela ação comunitária que os senhores desenvolvem.
O SR. PRESIDENTE: Obrigado, Vera. Clênia Maranhão.
O SR. HÉLIO CORBELLINI (Requerimento): Sr. Presidente, solicitamos que sejam
encaminhadas à Comissão de Direitos
Humanos as notas taquigráficas, aceitando desde já o encaminhamento sugerido
pelo Ver. Guilherme Barbosa para que possamos discutir na Comissão e, depois,
convidar a entidade para promovermos aqui, na Câmara, uma campanha para
auxiliar no que for possível.
O SR. PRESIDENTE: Queremos registrar que a Presidência teve
uma certa condescendência, tendo em vista a importância da Entidade e o tema
tratado, e abrimos esse espaço para que todos os Vereadores que quisessem se
manifestar pudessem fazê-lo. Por óbvio, nesse período seria somente Comunicação
de Líder. Nesse sentido, consultamos se alguém ainda deseja manifestar-se.
O SR. ELISEU SABINO: Sr. Presidente, nós queremos aproveitar o
momento em que todas as Bancadas estão-se manifestando solidárias ao Movimento
da “Sopa do Pobre”. Nós da Bancada do PTB também dizemos que estamos à
disposição do Sr. Presidente naquilo que for realmente da nossa competência.
Achamos que a iniciativa foi brilhante, o uso da Tribuna Popular, e creio que a
partir desse momento, junto com os demais Vereadores, a Bancada do PTB está à
disposição desse brilhante trabalho.
O SR. JOSÉ VALDIR: Eu queria também saudar a Sociedade
Ramiro D’Ávila – “Sopa do Pobre” - e dizer que tive a oportunidade de fazer um
trabalho conjunto quando dirigimos a FESC - na época assinamos um convênio.
Gostaria de deixar também a Comissão de Educação, da qual eu sou Presidente, à
disposição para se integrar a esse esforço da Casa.
O SR. PRESIDENTE: Nós suspendemos a Sessão para as
despedidas.
(Suspendem-se
os trabalhos às 14h20min.)
O SR. PRESIDENTE (às 14h21min): Estão reabertos os trabalhos.
Passamos
à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
(05 oradores/ 05 minutos/com aparte)
1ª SESSÃO
PROC.
1000/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 024/99, de autoria do Ver. José Valdir, que
determina a numeração das paradas de ônibus do sistema municipal de transporte
coletivo urbano.
PROC.
1132/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 027/99, de autoria do Ver. João Carlos Nedel,
que denomina Rua Euclides Triches um logradouro público localizado no Bairro
Jardim Carvalho.
PROC.
1145/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 028/99, de autoria do Ver. João Dib, que
concede ao Senhor Luís Roberto Andrade Ponte o título honorífico de Cidadão de
Porto Alegre.
2ª SESSÃO
PROC.
0813/99 – SUBSTITUTIVO Nº 01,
de autoria do Ver. Nereu D’Ávila, que dispõe sobre a condução, comercialização,
circulação e manutenção de animais da espécie canina no Município de Porto
Alegre e dá outras providências, ao
PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 015/99, de autoria do Ver. Hélio
Corbellini.
PROC.
1124/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 026/99, de autoria do Ver. João Carlos Nedel,
que denomina Rua Ildo Meneghetti um logradouro público localizado no Bairro
Jardim Carvalho.
3ª SESSÃO
PROC.
0813/99 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 015/99, de autoria do Ver. Hélio Corbellini,
que dispõe sobre a comercialização, circulação e manutenção dos cães das raças
pit bull e rotweiller e dá outras providências.
O SR. RENATO GUIMARÃES (Requerimento): Sr. Presidente, eu gostaria de anunciar
que já estão presentes as representações do Conselho Estadual dos Povos
Indígenas e da Coordenação de Direitos Humanos. Eu requeiro que após a Pauta,
entremos no Grande Expediente, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Queremos saudar as ilustres visitas que
hoje serão homenageadas no período do Grande Expediente. O Ver. Renato
Guimarães requer que após o período de Pauta seja invertida a ordem dos
trabalhos e que passemos ao período do Grande Expediente.
O SR. ANTÔNIO LOSADA (Requerimento): Sr. Presidente, ocorreu o passamento,
ontem, do Sr. Antônio Gregol, pai do nosso Ver. Giovani Gregol. O corpo será
cremado hoje, às 16h, em São Leopoldo. Nós requeremos um minuto de silêncio.
(É
feito um minuto de silêncio.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para
discutir a Pauta.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o nobre
Ver. José Valdir apresenta um Projeto de Lei que determina a numeração das
paradas de ônibus do Sistema Municipal de Transportes Coletivo Urbano. É uma
medida, sem dúvida nenhuma, interessante. No mínimo, faz-me voltar ao passado e
lembrar a célebre parada 18 na Tristeza, que toda a publicidade do comércio,
naquela área, era feita em cima da parada 18. E é tanto quanto eu consigo me
lembrar das paradas numeradas nesta Cidade.
A
proposição do Ver. José Valdir vai ter que definir alguma coisa a mais. Nos
corredores de ônibus, nas estações de passageiros não há números, mas todas
elas estão denominadas, e por Decreto. Por exemplo, a Estação Jornal do
Comércio, a Estação São João, lá na Igreja São João, e assim por toda a Cidade.
Em todos os corredores de ônibus, todas as estações estão denominadas, talvez a
solução seja colocar a numeração a partir do término dos corredores ou juntar
ao nome oficial, que têm hoje, as paradas, consagradas pela população, acrescer
o número. A idéia do nobre Ver. José Valdir, no seu art. 2º, tem a explicação
do que será esse número, e aí eu acho que o Ver. José Valdir está perfeito.
“Fica igualmente determinado que deverá ser afixada placa de identificação da
parada de ônibus no referido ponto, em
local visível com o seu número respectivo e o nome da via pública”.
É
claro, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que as ruas públicas, as avenidas, as
nossas vias em geral, o trajeto do ônibus tem nome conhecido. Quem não sabe, a
Assis Brasil, por tanto que sofre aquela avenida - toda a Cidade sabe - onde
fica, e onde passa o ônibus; o Estado inteiro já a conhece pelo sofrimento da
Av. Assis Brasil que não consegue ver concluídas as suas obras. Mas as demais
ruas da Cidade também deveriam receber placas, conforme determina a Lei
Municipal, conforme determina o Plano Diretor, e não recebem. Por isso é boa a
idéia do Ver. José Valdir em colocar nome em algumas ruas, que já têm os seus
nomes, porque nessas não há problema de denominação onde passa o ônibus, todas
elas têm. Mas quem sabe daqui nós estendamos a idéia para colocar nomes em
todas as ruas da Cidade. Eu já fiz até, num determinado momento, um Projeto
determinando o ano de 1995 como o ano de denominação dos logradouros públicos
e, mais do que isso, coloquei no orçamento uma verba para que isso fosse feito.
O Prefeito não vetou nenhuma e nem outra iniciativa, só não colocou as placas
nas ruas da Cidade.
Eu
saúdo o Ver. José Valdir pela simplicidade do seu Projeto; as coisas boas estão
nas coisas simples. Fica o problema de saber se manteremos os nomes já
consagrados pela população nas estações de passageiros, acrescendo um número;
ou se faremos um número a partir do fim dos corredores, mas fica muito boa a
iniciativa.
Agora,
lembrando o Executivo de que ele pode aproveitar a idéia, e denominar as ruas
da Cidade, que faltam.
O Sr. José Valdir: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. João Dib, essa questão dos corredores, das estações, nós
pretendemos realmente deixar não fixar nada no Projeto para que, na
regulamentação da lei, possamos discutir e verificar a melhor solução.
O SR. JOÃO DIB: Inteligente a colocação de V. Exa.
Sr.
Presidente, como eu fiquei perdendo algum tempo, peço que o Ver. Cláudio
Sebenelo possa dar o seu aparte.
O Sr. Cláudio Sebenelo: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu quero só aproveitar para dizer que esse Projeto é muito
inteligente, competente e simples. Considero fundamental o problema do nome das
ruas de Porto Alegre, a Cidade está totalmente sem orientação.
O SR. JOÃO DIB: Ver. José Valdir, saúdo-o, e o meu
abraço a V. Exa. e também ao Ver. Cláudio Sebenelo. Saúde e paz. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Guilherme Barbosa está com a
palavra para discutir a Pauta.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em
Pauta o Projeto do Ver. João Dib, que pretende conceder ao Sr. Luís Roberto
Andrade Ponte o Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre.
Quero,
desde já, dizer que vou ser um advogado, junto a nossa Bancada, para que
votemos sim, para que aprovemos o Projeto do Ver. João Dib. O Dr. Luís Roberto
Andrade Ponte é colega nosso, engenheiro. Embora tenhamos trilhado caminhos
diferentes na política, não há como negar que é um cidadão de muito respeito e
de muito trabalho, vindo do distante Ceará. Ele veio, além de construir a sua
própria vida profissional no nosso Estado, sem dúvida ajuda a construir a
Engenharia e a política no nosso Estado. Mesmo com a diferença partidária -
volto a repetir, porque Luís Roberto Andrade Ponte é do PMDB -, eu reconheço
nele um cidadão que merece o Título de Cidadão Honorífico de Porto Alegre.
Quero
também comentar o Projeto do Ver. José Valdir. É um projeto simples, curto em
sua estrutura, em seu tamanho, mas que beneficia tremendamente o usuário de
ônibus, na medida em que facilita a indicação da parada, de onde o usuário deve
tomar o transporte coletivo, além de fazer as indicações já referidas do nome
da rua e outras.
Há
alguns projetos - eu tenho sido autor de alguns deles - curtos, objetivos, Ver.
José Valdir, que têm uma repercussão muito importante para a comunidade. Como
já foi dito aqui - e isso é importante -, não há nenhum empecilho legal,
institucional, orgânico com relação a esse. Eu tenho a impressão de que o
Projeto de V. Exa., Ver. José Valdir, irá receber a aprovação desta Casa,
porque, de fato, em sua simplicidade, ele termina tendo uma repercussão
positiva para o nosso cidadão.
Muitas
localidades da nossa Cidade são relacionadas com as paradas de ônibus. Eu cito
o caso da Lomba do Pinheiro. As pessoas que lá residem dizem: “Eu moro na
parada três, eu moro na parada 10, na parada 16”. Então, o local acaba sendo
referenciado pela parada de ônibus e não o inverso. O esperado seria: “A parada
fica perto de tal rua”. O que acontece é o contrário: a parada referencia o
local da Cidade. Isso é muito forte na Lomba do Pinheiro e é muito forte também
saindo da Cidade de Porto Alegre. Para quem vai para Cachoeirinha, para quem
vai para Alvorada costumam dizer: “Desce na para da 40, desce na parada 27”.
Esse
Projeto vem, portanto, nesse sentido, com muita simplicidade, beneficiando a
população da nossa Cidade e atingindo uma parte mais indefesa, digamos assim,
da nossa população: os analfabetos, normalmente eles costumam gravar o número,
têm facilidade para gravar o número, até pelo manuseio das cédulas. Portanto é
fácil gravar o número da parada onde têm que descer ou pegar o ônibus.
O Sr. Cláudio Sebenelo: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Quero cumprimentar V. Exa. pela visão do seu discurso e pelo
trabalho excelente do Ver. José Valdir.
Há
uma histórica parada 18, na Tristeza, que passou a ser o nome de um atleta do
Internacional, chamado Nena, com quem me encontrei há poucos dias, por ocasião
do aniversário do Internacional. Ele era tão eficiente e tão bom que o nome
dele passou a ser Parada 18, porque era o anúncio de uma casa comercial, famosa
em Porto Alegre, que se tornou referência não só para o bairro, mas de
localização. Acho fundamental no nosso folclore, pois o número da parada é
apanhado de uma forma muito inteligente por V. Exa.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Pedro Américo Leal está com a
palavra em Comunicação de Líder.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Exmo. Sr. Presidente, Srs. Vereadores.
Dia 19 de abril, Dia do Exército, e por quê? Há 351 anos, lá no Norte, em
Pernambuco, esboçava-se o primeiro exército do povo brasileiro. Para podermos
combater as poderosas forças holandesas, com mais de 4.500 homens de um exército
regular, juntavam-se brasileiros, portugueses, índios e negros.
Na
altura dos Montes Guararapes, essa força estrangeira disciplinada, treinada,
sob o comando do Marechal de Campo Von Skhkope, tentava fazer um Brasil
holandês.
Patrocinado
pela Companhia das Índias Ocidentais, uma multinacional da época, investia
sobre a Coroa Portuguesa fragilizada pelo Tratado da Aliança, firmado com os
holandeses, impossibilitando o apoio militar à Colônia. Vivíamos o ano de 1648.
Lá
no Norte, fremia a brasilidade, que sempre está aqui no Sul. Na Vila Ipojuca,
pela primeira vez, brancos, índios e negros firmavam um compromisso de honra,
em 23 de maio de 1645. Quase ninguém sabe disso! Escrevia-se no compromisso,
pela primeira vez, a palavra Pátria. Pernambuco arrebatara a História sozinho.
Batalhões regulares formados por quinhentos homens, com peças de artilharia,
lanças, mosquetões, arcabuzes, pistolas, desdobravam-se no terreno e ocupavam,
de supetão, as alturas dos Montes Guararapes. Eram os holandeses que vinham! Na
noite de 18 de abril de 1648 estava lançado o destino do Brasil, holandês ou
português, sem o apoio de Portugal, que permanecia inerte pelos compromissos
que tinha contratado com a Holanda.
Os
Montes Guararapes eram ladeados, à esquerda, por alagadiços e pelo Oceano
Atlântico. Perdendo as alturas, Felipe Camarão e seus índios teriam ali o
brilho militar, em operações de guerrilhas, enquanto no flanco esquerdo os
negros, sob o comando de Henrique Dias, envolviam a tropa profissional.
O
ataque frontal, ao encargo de Fernando Vieira, e Vidal de Negreiros na reserva.
Vejam só esses nomes conhecidos por nós pela História do Brasil! Mas onde
estava essa gente? Como se compunha? Que personagens ocupavam na História? Era
o Exército Brasileiro que surgia e o Brasil que dava o brado de português. Daí
a expressão de Guararapes! O valor de Guararapes; vencido sem termos sequer uma
peça de artilharia - não tínhamos canhão -, sem dominarmos as alturas -
perdíamos nas alturas; Guararapes eram montes como as Colinas de Golan. E toda
a tropa com fome, a tropa não tinha comido, sequer tinham se preparado para o
combate. Mil e quinhentas baixas, os brasileiros, os portugueses, os índios, os
negros e mestiços infligiram aos holandeses. Mil e quinhentas baixas a um
exército regular e forte como o da Holanda, uma potência mundial. Exprime-se,
aí, a encarniçada luta.
O
Exército Holandês bate em retirada, enquanto, do lado de cá, se esboça uma
pátria. Guararapes vale pelo improviso, pela bravura e pela coerção de brancos,
mestiços, negros, que se sobrepujavam para formar o Brasil que temos hoje, um
Brasil que foi português, mas que hoje é Brasil brasileiro. Assim como eles
foram, o Exército também é uma mistura de raças: do negro, do mestiço, do
índio, do português, de outros povos que vêm para cá e que recebemos tão bem.
Hoje
é o Dia do Exército, por isso. Vinte e cinco de agosto é o Dia do Soldado, hoje
é o Dia do Exército, porque houve o primeiro exército formado por tropa
brasileira que se impôs a um estrangeiro, que iria dominar, com o silêncio de
Portugal. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a
palavra para discutir a Pauta.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, neste
período há três Projetos que se perfilam, sendo que dois já mereceram
comentários dos oradores que nos antecederam.
De
um lado, o Ver. José Valdir propõe a numeração das paradas de ônibus do sistema
municipal de transporte coletivo urbano, de outro, o Ver. João Dib concede ao
Sr. Luís Roberto Andrade Ponte o Título Honorífico de Cidadão de Porto Alegre,
e, de permeio, o Ver. João Carlos Nedel denomina Rua Euclides Triches, um
logradouro público localizado no Bairro Jardim Carvalho. É evidente que os dois
primeiros Projetos citados, pela sua relevância, merecem destaque da Casa e
comentários como aqueles que, acertadamente, já foram proferidos pelos
Vereadores João Dib e Guilherme Barbosa.
Nomeadamente,
o Projeto de Lei do Legislativo nº 024/99, do Ver. José Valdir, envolve
discussões, as mais amplas. Até porque a ausência de denominação das nossas
principais artérias na urbe metropolitana têm sido objeto de constante cobrança
nesta Casa, eis que é freqüente que as pessoas - até mesmo as que residem aqui
em Porto Alegre - têm dificuldades de identificar determinados endereços, pela
total ausência de identificação neles encontrados, ou não encontrados. Na
medida em que não existe placa alguma, ou nada que identifique a rua que se
sabe, por se analisar os mapas da Cidade, que se localiza em determinado
bairro, mas, na hora de se identificar, temos de nos socorrer da velha
informação boca a boca, única forma de se localizar essas ruas.
Terei
a oportunidade de falar sobre esses temas outras vezes, razão pela qual vou me
endereçar ao PLL nº 27/99, do Ver. João Carlos Nedel, porque este e o PLL nº
26/99, consagram duas homenagens a dois ilustres homens públicos do Rio Grande,
que a lembrança do Ver. João Carlos Nedel vem corrigir as omissões já
realizadas com ausência de homenagens maiores a Euclides Triches e Ildo
Meneghetti. Ambos, em especial o último, que são credores desta Cidade das
maiores homenagens. O primeiro, por ter sido Governador do Estado numa época em
que o arbítrio estava estabelecido nesta nação, com muita discrição se conduziu
no comando político do Estado; e o segundo, por ter sido, não só por duas
vezes, ungido pelo voto popular no cargo de Governador deste Estado, mas porque
também foi Prefeito eleito desta Cidade, desincumbindo-se com extrema
eficiência, o que o caracteriza como um dos maiores Prefeitos que esta Cidade
já conheceu. Ele foi iniciador de programas de expansão de projetos na área da
habitação popular, inclusive o Ver. Gilberto Batista os conhece bem, porque é
vizinho da Vila Meneghetti, mais conhecida como o Parque Residencial Sarandi.
Eu não sei exatamente onde se localizam essas ruas do Jardim Carvalho, que o
Ver. João Carlos Nedel pinça como objeto dessas homenagens. Não sou daqueles
que entendem que para homenagear grandes homens se precisa de grandes avenidas,
porque acredito que a utilização de pequenas artérias da nossa Cidade, para
homenagear pessoas do quilate de Euclides Triches e de Ildo Meneghetti é uma
justificativa a mais para que se cuide das ruas da nossa Cidade. Certamente o
povo de Porto Alegre gostaria de ver tributado, especialmente a Ildo
Meneghetti, as mais amplas homenagens.
Não
sei se não deveríamos cogitar que aquele conjunto residencial em que o DEMHAB,
no tempo do Departamento da Casa Popular, edificou no Sarandi, e que é
conhecido como Vila Meneghetti, não devesse ser oficializado com essa
denominação, para que se consagre essa homenagem justa e merecida a um homem
público que Porto Alegre respeitou, amou e consagrou. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Hélio Corbellini está com a
palavra para discutir a Pauta
O SR. HÉLIO CORBELLINI: Sr. Presidente e Sr. Vereadores, venho a
esta tribuna para fazer alguns comentários sobre o Substitutivo nº 01 ao PLL nº
015/99 - Processo nº 0813/99, que se refere à comercialização e circulação de
cães ferozes. Muitas pessoas têm perguntado a este Vereador: “por que só os
cães das raças “Pit bull” e “Rottweiler”? Por que não outros cães grandes? É
porque essas duas raças têm algumas características que as distinguem de outras,
porque eles não são cães de guarda, são cães de ataque, ataque de extrema
ferocidade. A característica dos maxilares dos cães dessas duas raças faz com
que tenham uma mordedura extremamente forte, grande e dilacerada. Ele dilacera
materiais, o que se dirá do braço de uma criança, da perna de um cidadão?
A
própria assessoria da Casa, que demonstra ter um belo arquivo, ofereceu a cada
Vereador uma quantidade enorme de estudos sobre essas raças. O potencial de
agressividade desses cães é tão grande que, mesmo em estado de letargia, o dono
se espanta com a agressividade e com o ataque a seu próprio dono. Cabe a nós,
de alguma forma, fazer com que acabem os ataques dos referidos cães.
Dizem também que o Código Civil já tem regras
que punem o cidadão, responsabilizando-o por acidentes provindos desses cães.
Mas a responsabilidade civil e criminal é meramente indenizatória e repressiva;
a pena, no caso, não possui o caráter profilático que agora colocamos na Lei. O
dono está proibido de levar os cães em praças e locais públicos, de deixar os
cães perto de crianças. Há uma multa pesada no caso de romper algumas regras
que estão estabelecidas no Projeto de Lei, dobrando na reincidência. Voltando a
reincidir, o cão é tomado pela Prefeitura. A Prefeitura se obriga a cadastrar
essas duas raças, e o mais importante: se quer ter o cão, que se responsabilize
e faça um seguro, que não é um seguro baixo, vai de 6 a 60 mil UFIRs,
dependendo do ataque, se é lesão física ou se é morte. Quer ter? Vai pagar.
Quer ter? Vai-se responsabilizar. Quer ter? Vai fazer o seguro.
Certamente,
as pessoas vão pensar duas vezes antes de terem esses cães. Termina hoje a
Pauta, e esperamos dos Srs. Vereadores contribuições para que o Projeto seja
melhorado, para que seja votado da forma mais perfeita possível e que atenda o
princípio básico, que é a linha mestra do Projeto, que é garantir a vida do
cidadão. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Vamos apregoar Declaração firmada pelo
Ver. João Bosco Vaz, nos seguintes termos: (Lê.)
“Exmo.
Sr. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre. Nos termos do Regimento
desta Câmara, comunico a V. Exa. que, no dia 19 de abril de 1999, estarei
impedido de exercer a vereança, em substituição ao Ver. Pedro Ruas, conforme
Proc. nº 463/99. Nesse sentido, solicito a V. Exa. seja convocado o respectivo
suplente da Bancada do Partido Democrático Trabalhista, PDT, para exercer a
vereança nesta data. Em 19 de abril de 1999. Ver. João Bosco Vaz”.
No
expediente, há uma Declaração firmada pelo Ver. Isaac Ainhorn, digno Líder do
PDT, nos seguintes termos: (Lê.)
“Declaro
que o Suplente Milton Zuanazzi encontra-se impedido de assumir a vereança na
data de hoje, dia 19 de abril de 1999, segunda-feira, em substituição ao Sr.
João Bosco Vaz.”
A
Mesa declara empossado o Suplente, Ver. Mário Fraga, em substituição ao Ver.
João Bosco Vaz, nos termos regimentais. O Ver. Mário Fraga integrará a Comissão
de Economia, Finanças e Orçamento.
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Clênia Maranhão está com a
palavra para discutir a Pauta.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, neste
período de discussão dos Projetos em andamento na Pauta, quero referir-me a
dois que iniciam os debates na tarde de hoje.
O
primeiro é o Projeto de autoria do Ver. José Valdir que determina a numeração
das paradas de ônibus da Cidade. Penso que é uma iniciativa extremamente
simples e, muitas vezes, a simplicidade consegue contribuir com os serviços da
nossa Cidade. Nós sabemos que Porto Alegre tem crescido; as pessoas, muitas
vezes, têm dificuldades em se deslocar; a maior parte da população usa o
transporte coletivo urbano; muitas pessoas têm baixo índice de escolaridade e
dificuldades na leitura das indicações dos ônibus. A numeração nas paradas de
ônibus contribui para a localização do usuário no sistema de transporte e,
nesse sentido, achei uma iniciativa que irá contribuir para o deslocamento do
cidadão e, portanto, para a sua qualidade de vida dentro da nossa Cidade.
O
segundo Projeto ao qual quero referir-me é do Ver. João Dib, que sugere o
Título de Cidadão Porto de Alegre para o empresário e ex-Deputado Luís Roberto
Ponte. Quero parabenizar o Ver. João Dib por essa iniciativa. O Dep. Ponte é um
companheiro do meu Partido, é um cidadão desta terra, imigrante nordestino que
ocupou um espaço no Rio Grande do Sul, tendo sido um dos mais brilhantes
representantes gaúchos no Parlamento Federal Quero parabenizar o Vereador por
essa iniciativa que, na verdade, resgata a história de um homem público com a
capacidade e com a respeitabilidade que tem Luís Roberto Ponte.
Por
último, quero referir-me a um Projeto que hoje está em 3ª Sessão de Pauta,
portanto, sairá do processo de discussão. Acho importante colocar para V. Exas.
algum significado do Projeto; a discussão dos dois Projetos que estão em Pauta,
de autoria do Ver. Hélio Corbellini e do Ver. Nereu D’Ávila, que se referem aos
cães “Pit bull”. Fizemos uma série de
críticas ao tema, à existência dessas verdadeiras feras que ficam soltas na
cidade, colocando em risco a vida de adultos e de crianças. Consideramos da
maior importância os Vereadores desta Casa terem trazido a procura da
regulamentação da criação dessa raça. Conversando fora do Plenário, recebi
algumas críticas, alguns questionamentos de pessoas que falam que não seria uma
atitude ecologicamente correta a condenação da raça “Pit bull”, uma raça
modificada geneticamente, que tem transformado cães em agressores, sobre os
quais, muitas vezes, seus donos não têm controle.
Ouvindo esses comentários, como se a defesa do controle da raça “Pit bull” fosse uma posição não-ambiental, lembrei do discurso feito pelo Presidente Fidel Castro, na ECO 92, em três minutos, que foi seguramente, de todos os depoimentos da ECO 92, o depoimento que mais causou impacto aos representantes de países do mundo inteiro que lá se encontravam. O Presidente Fidel Castro, na oportunidade, disse que concordava com todas as preocupações de todas as pessoas com a preservação de todas as espécies, mas que seguramente a maior preocupação que se tinha que ter era a preocupação com a preservação da espécie humana. Creio que os Projetos que tratam dessa questão retomam essa prioridade, que a nossa maior preocupação com a espécie tem que ser com a espécie humana. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra
para Comunicação de Líder.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, como
falamos e acreditamos que expressamos um sentimento de grande parte dos
Vereadores com assento nesta Casa, nós apresentamos, há cerca de dez dias,
Projeto de Lei que procura institucionalizar o Orçamento Participativo na
Cidade de Porto Alegre.
O
nosso objetivo é instrumentalizar o Orçamento Participativo através de lei.
Entendemos que o Orçamento Participativo tem um papel importante na vida desta
Cidade, tão importante que queremos transformá-lo em lei. Agora, não queremos
estabelecer uma discussão que se transforme em instrumento político-eleitoral.
Não é este Vereador quem está dizendo. Vejam Vossas Excelências que, no dia de
hoje, o colunista do Jornal do Comércio, Carlos Bastos, registra que o
Município de Ipê terá a sua assembléia do Orçamento Participativo e que esse é
o décimo-segundo município da região serrana a realizar esses encontros. Já
ocorreram assembléias em Nova Prata, São Jorge, Paraí, Guabiju, Nova Araçá,
Nova Bassano, Veranópolis, Vila Flores, Fagundes Varella, Cotiporã e Antônio
Prado. Acontecerão mais oito até fins de abril. É o exemplo de como o Orçamento
Participativo se implanta e se espraia no Estado.
O
discurso que o Governador Olívio Dutra faz hoje - diz o comentarista -, de quem
deve decidir sobre o Orçamento é o povo, é idêntico à sua fala quando ocupou o
Prefeitura de Porto Alegre e implantou o Orçamento Participativo na Capital. As
conseqüências são conhecidas, com o crescimento da representação petista na
Câmara Municipal, que hoje é de treze Vereadores, e houve, ainda, a eleição de
mais dois Prefeitos, Tarso Genro e Raul Pont. Não resta a menor dúvida de que o
Orçamento Participativo é um grande instrumento eleitoral.
Essas
não são palavras deste Vereador, são opiniões de um articulista conhecido por
sua isenção, por seu equilíbrio e com uma larga história no Estado do Rio
Grande do Sul. Então, ele afirma que o instrumento do Orçamento Participativo
se constituiu em Porto Alegre num instrumento político eleitoral e está sendo
adotado com esse mesmo objetivo na Cidade de Porto Alegre. Se nós fazemos essa
afirmação, é porque nós entendemos que o Orçamento Participativo tem que ter um
alcance muito maior, como um patrimônio da Cidade e do conjunto da Cidade.
E
é por isso, Ver. José Valdir, que nós sustentamos que o orçamento legal, com
lei deve ser coordenado, não como é hoje, que é pelo Conselho do Orçamento
Participativo, ligado diretamente ao GAPLAM e que, por sua vez, é ligado ao
Gabinete do Prefeito. É contra isso que nos insurgimos. Nós queremos que ele
seja um instrumento da Cidade, e para que isso ocorra é necessário que ele seja
instrumentalizado pelo Legislativo e pelo Executivo concomitantemente. E o que
nos estranha é que nós temos observado, e temos tido algum contato com pessoas
que assistiram às últimas reuniões do Orçamento Participativo, que os relatos
são articulações que estão havendo de quadros vinculados ao PT, de criar, de
montar estruturas de notas de repúdio contra o Projeto deste Vereador. Nós
achamos que não é o caminho. O caminho é o debate franco, o debate
transparente, esse é o debate que nós queremos. O debate democrático, não os
mecanismos e as formas autoritárias, tanto “stalinistas” como “mussolinianas”,
essas nós repudiamos. Nós queremos o debate plural, o debate transparente, o
debate que construa uma sociedade que efetivamente harmonize a democracia
participativa com a democracia representativa. Aí sim, nós estaremos
estabelecendo mecanismos que vão fortalecer a democracia como um todo. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Estão suspensos os trabalhos.
(Suspendem-se
os trabalhos às 15h09min.)
O SR. PRESIDENTE (às 15h10min):
Estão reabertos os trabalhos.
Requerimento
de autoria do Ver. Renato Guimarães solicitando que o Grande Expediente de hoje
- nos termos do Requerimento nº 70/99, destinado a abordar questões relativas à
Semana dos Povos Indígenas - seja realizado imediatamente.
Em
votação o Requerimento. Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados.
(Pausa.) APROVADO.
Passamos
ao
Convido
para fazer parte da Mesa a Sra. Márcia Bauer, Coordenadora de Direitos Humanos
da Prefeitura Municipal, e a Sra. Cleci Elisa Bozzetto, representante do
Conselho Estadual do Índio.
O
Ver. Renato Guimarães está com a palavra, em Grande Expediente.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sra.
Márcia Bauer e Sra. Cleci Bozzetto. Falo em nome também da Bancada do PPS.
Registro que nos dias 19, 20, 21 e 22 acontecerão, em todo o País, um conjunto
de atos destacando a necessidade de fazermos uma séria reflexão sobre os 500
anos do nosso País, com o Projeto chamado “Os outros 500”, que está sendo feito
na Cidade de Porto alegre e em outras cidades do País. No dia 21 haverá um
grande ato em Minas Gerais, e os demais atos que irão somar-se ao Projeto “Os
outros 500”... Aproveitamos a oportunidade para fazer o registro.
Neste
dia 19 de abril, chamamos a atenção desta Casa para pensarmos as questões
relacionadas à luta do povo indígena. Naquele 22 de abril de 1500, eles eram
cinco milhões. Será que sobreviverão aos próximos 500 anos? São outros 500
anos. Nada temos a comemorar! É uma história violenta e desumana que continua
até os dias de hoje. Quase exterminados, os índios continuam a resistir e a se
organizar, lutando pela demarcação de suas terras e a preservação da sua
identidade cultural.
Enquanto
a campanha oficial do Governo é um engodo, é uma grande maquete, dizendo que
temos que comemorar 500 anos, o povo indígena continua sendo assassinado e a
ter sua terra roubada. Sua cultura é massacrada e suas línguas quase
desaparecem. O Governo mantém a política da tutela impedindo, desta forma, a
autonomia desse povo. Nós não podemos ser coniventes, como uma sociedade que
ignora a ação de garimpeiros, fazendeiros e donos de madeireiras que para
beneficiarem-se, matam e expoliam o povo indígena.
É
preciso, neste momento, ajudar, apoiar e homenagear a luta do povo indígena por
seus direitos, na luta por suas terras e por sua cultura. Dessa maneira
poderemos comemorar os próximos 500 anos, sem nos arrependermos enquanto
cultura, enquanto povo branco de termos exterminado um povo.
Acho
que a Casa tem que aproveitar este momento, a partir do dia de hoje, amanhã, e
dia 21, e fazer a séria reflexão: que País é este que exterminou cinco milhões
de índios? Que País é este que, na realidade, não construiu em nada para a
libertação dos negros? Os negros continuam com as mesmas ou piores condições da
época da escravatura. Que País é este que massacra seu povo e não tem terra
para plantar e não tem alimento para comer? Que País é este que a cada dia
engrossa o índice de desempregados? E este índice não é apenas um número, mas representa
dezenas, centenas de famílias que passam fome, onde o pai e a mãe vêem a cada
dia os seus filhos minguarem. É este País que queremos? Não é este o País que
queremos. Esses 500 anos mostram uma história de luta de um povo que quer
resistir e construir um novo projeto e é com este intuito que a gente quer
destacar a luta do povo indígena, um povo que vem sendo massacrado, mas que vem
lutando e resistindo para afirmar sua cultura, para afirmar suas línguas, para
demarcar suas terras e ser respeitado como povo autônomo.
É
esta reflexão que a gente quer que a Casa faça no dia de hoje. Porque são
outros quinhentos anos, onde não deve haver grandes comemorações. Pelo
contrário, deve haver grandes reflexões sobre para onde é que estamos indo,
para onde é que este País está indo, perdendo sua autonomia, sua soberania,
ficando à mercê do que o Fundo Monetário Internacional diz ao Presidente para
fazer.
É
este País que vai resgatar, que vai garantir a condição do povo indígena? Do
povo negro? Dos trabalhadores sem terra? Com certeza não é. Temos que construir
um projeto alternativo, que garanta o direito dos índios, dos povos negros, dos
trabalhadores sem terra, que faça reforma agrária e que leve em conta a questão
do índio, a questão da necessidade do índio em ter apoio para produzir, para
poder se auto-sustentar e não precisar ser tutelado, como é hoje, pelo Governo,
porque não é isso que o povo indígena quer. O povo indígena quer autonomia e
condições para viver com suas próprias pernas, com seus próprios braços.
Entendo
que esta Casa tem que fazer esta séria reflexão.
Para
finalizar, quero dizer que o povo indígena necessita de muito apoio. É também
com este momento de reflexão que vamos verdadeiramente homenagear este povo,
esta cultura. E é por isso que sugerimos este momento de reflexão. Em nosso
entendimento este não é um momento de grandes comemorações, mas um momento de
grandes reflexões para que a gente possa, quem sabe, comemorar daqui a
quinhentos anos a retomada do povo indígena .Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A Vera. Helena Bonumá está com a palavra
por inversão de tempo com o Ver. Guilherme Barbosa.
A SRA. HELENA BONUMÁ: (Saúda os componentes da Mesa.) Nós,
hoje, estamos marcando, aqui, por proposição do Ver. Renato Guimarães, o dia de
homenagem ao Índio. Eu acho, Vereador, que este tipo de intervenção é
extremamente necessário e, cada vez mais, é necessário. Nós temos a sensação,
às vezes, quando fazemos alguns atos, principalmente, no Parlamento, que
estamos “chovendo no molhado”, que estamos fazendo alguma coisa que não tem
razão de ser, porque a situação é tão trágica que, parece que, por mais que
tentemos resistir, que tentemos marcar, que tentemos trazer à discussão, não
vai adiantar. Mas eu recupero, aqui, uma frase do nosso companheiro, Marcos
Rolim, Deputado Federal, de um trabalho que ele fez sobre a ditadura militar,
aonde ele recupera uma idéia importante para a luta dos setores discriminados,
para o povo oprimido, que seria “chover no molhado” se o molhado não fosse
sangue. Eu acho que essa expressão encerra a situação que enfrentamos com
relação aos setores sociais discriminados, empobrecidos, em relação à maioria
da população brasileira e, particularmente, aqui, aos índios. Seria “chover no
molhado”, se o molhado não fosse sangue e nós temos sim, que “chover no
molhado”, porque o molhado é a vida das pessoas, é a possibilidade de vida
degradada, miserável, bárbara que o nosso País relega à maioria da população.
Essa
data, ela se vincula a duas outras datas: a Inconfidência Mineira, 21 de abril
e a Descoberta do Brasil, dia 22, quando iremos comemorar 499 anos, fechando,
no ano que vem, quinhentos anos de dominação imperialista no País, quinhentos
anos de exploração, quinhentos anos que o Brasil não é um País soberano, que é
um País governado a partir de interesses de fora. Quando nós estudamos a
história do Brasil, essa dimensão tem que ser sempre resgatada. E quando nós
discutimos a situação dos nossos índios e da maioria da população discriminada
do País, nós temos que resgatar que o Estado brasileiro se forma antes da
organização da própria sociedade, e se forma a partir de interesses de fora, da
metrópole que “descobriu” o Brasil - entre aspas - e que o explorou, montando
aqui, desde o início, um esquema de exploração comercial. Então, este País tem
uma lógica de desenvolvimento que já poderia ter sido rompida, mas que se
mantém através das diversas opções que os governos do País têm feito. O nosso
País mantém um modelo de desenvolvimento que é explorador, que explora os
nossos recursos em função do capitalismo internacional, hoje em dia, e em
função da relação metrópole-colônia na época da nossa descoberta.
Isso
não é destino de um país, isso é opção econômica dos sucessivos governos! E
hoje nós temos aqui, Vera. Maristela Maffei, um governo que se associa ao
capitalismo internacional e que segue a mesma lógica da época da metrópole do
descobrimento: o sucessivo saque à economia nacional, aos recursos públicos, à
renda e à riqueza nacional, em prol do pagamento de uma dívida externa que não
foi feita pelo povo brasileiro e que não foi feita em benefício do povo
brasileiro. Eu acho que essas três datas, Ver. Renato Guimarães, devem ser
discutidas juntas, porque têm inter-relação.
Eu
vou ler um material que a CNBB, o SESI, e outras igrejas estão divulgando, que
fala o seguinte sobre a dívida: (Lê.)
“No
período do governo Fernando Henrique Cardoso, de 1995 a 1998, enviamos para o
exterior 152 bilhões de dólares em pagamentos de juros, dividendos e prestações
da dívida externa. Mas a dívida continua aumentando e, nesse mesmo período, ela
passou de 148 bilhões de dólares para 212 bilhões de dólares. Em toda a
história da dívida externa, o Brasil já pagou o equivalente a três vezes tudo o
que recebeu. O Brasil é o País do mundo que paga a mais alta taxa de juro e o
País do Terceiro Mundo que mais deve”.
Eu
teria muitos outros dados, que estão sendo divulgados por essa campanha, que
valeria a pena divulgar, mas, voltando à temática proposta pelo Vereador hoje,
aqui, acho que devemos pensar que o que cabe a nós, neste momento, Ver. Renato
Guimarães, quando manifestamos o nosso desejo de ver invertida essa lógica, é
rediscutir o conceito de soberania, é rediscutir o conceito de nação.
Esse
movimento que está sendo feito por várias entidades brasileiras e que aqui, no
Rio Grande do Sul, tem à sua testa o Sindicato dos Economistas e a Sociedade de
Economia, tem que ter a nossa adesão e a adesão desta Casa. É um movimento
contra o pagamento da dívida externa e temos, sim, que nos somar, enquanto
sociedade, a isso, porque não há solução para os nossos índios, para os nossos
pobres, para uma fome e uma violência que, neste País, é endêmica, se nós não
estancarmos essa sangria dos nossos recursos públicos. Inverteremos a lógica
dessa sociedade no dia em que tivermos dinheiro para aplicar em saúde, em
educação, em habitação, em assistência social, e no dia em que pudermos fazer
reforma agrária. E isso não pode ser atribuição de um município aqui e de outro
lá que tenha boa vontade e que tenha governo popular comprometido com os
interesses do povo. Isso tem que ser um projeto nacional. Infelizmente, Ver.
João Carlos Nedel - que acompanha o meu pronunciamento com atenção -, o Sr.
Presidente Fernando Henrique Cardoso, após ganhar as eleições, procedeu a um
ajuste na economia do País que reafirmou e, através da lógica do que aconteceu
em janeiro deste ano também reafirmou essa lógica de envio sistemático dos
recursos, cortando os recursos da saúde, onde, inclusive, seu próprio Ministro
da Saúde, José Serra, se insurgiu.
Então,
não podemos pensar em solução para os índios, para a maioria da população
brasileira, para a fome, para as políticas sociais, se nós não invertermos
radicalmente a lógica do que têm sido, desde o ano de 1500, os governos deste
País. Eu entendo que o Presidente da República, que está à testa do Governo do
País, não tem mais legitimidade, porque ele se elegeu em cima da estabilidade
de um plano e de uma moeda que, em seguida, já mostrou que não tem essa estabilidade.
Nos
mês de janeiro, passamos milhões e milhões de recursos públicos para a divida
externa e no mecanismo da desvalorização do real. Não podemos mais conviver com
isso. Os nossos índios, o nosso povo e as nossas crianças estão morrendo. É
necessário que a sociedade dê um basta a essa situação. Temos que engrossar
essa campanha do não pagamento da dívida externa e discutir com a sociedade
brasileira que este governo, que está aí, não tem legitimidade, que ele não vai
tirar o País da crise do ponto de vista do interesse da maioria da população.
Ele está desmoralizado, pelo o que já aconteceu neste País do processo
eleitoral para cá. E é necessário que busquemos uma solução mais democrática e
mais adequada aos interesses da população brasileira. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, para falar no período de Grande Expediente, o
Ver. Guilherme Barbosa. Desiste. O Ver. Hélio Corbellini está com a palavra.
Desiste. O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra. Desiste. O Ver. João Bosco
Vaz está com a palavra. Desiste. O Ver. João Carlos Nedel está com a palavra.
Desiste. O Ver. João Dib está com a palavra. Desiste. O Ver. João Motta está
com a palavra. Desiste. A Vera. Clênia Maranhão está com a palavra para
Comunicação de Líder.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, por
iniciativa do Ver. Renato Guimarães, o Grande Expediente desta tarde refere-se
à questão indígena. Uso o tempo de Liderança do meu Partido para também me
referir a essa questão, que, seguramente, é uma das questões que tem que
sensibilizar sociedade e galvanizar a preocupação dos políticos.
Há
quinhentos anos, quando os primeiros colonizadores chegaram as nossas terras,
nós tínhamos aproximadamente seis milhões de índios no Brasil. Durante todo
esse período, a miséria, o massacre, o descaso, a falta de uma concepção que
garantisse a diversidade, tem propiciado o extermínio da maioria da população
indígena no Brasil.
É
bem verdade que essa é uma realidade nacional, e não é uma realidade recente.
Ao longo dos últimos anos, ou ao longo dos séculos, essa questão indígena, o
respeito à cultura, a garantia das terras indígenas, a garantia do resultado
dos recursos minerais e vegetais das terras ocupadas pelo índios, jamais foi
revertida para uma população indígena, ou para uma tribo indígena, ou para
qualquer um dos seus descendentes.
Vários
Vereadores usaram esta tribuna e fizeram essas denúncias. Eu queria
acrescentar, respaldando o conjunto dessas denúncias, a discussão de uma
realidade dos índios do Rio Grande do Sul. Já tivemos um Ministro que disse que
o Rio Grande do Sul não tinha problemas indígenas. Isso demonstra o
desconhecimento do País em relação a sua população. Hoje, no Rio Grande do Sul,
nós temos, aproximadamente, a população de quatorze mil índios. Quatorze mil
gaúchos têm origem indígena.
Eu
sempre vejo que quando se comemora o Dia do Índio, os governos organizam
manifestações que demonstram, naquele dia, a cultura indígena. Porém, eu penso
que nesta data nós temos que, além de denunciar a história do massacre
indígena, discutir a responsabilidade dos Poderes, em todos os níveis, em
relação às comunidades indígenas - a responsabilidade do governo federal, a
responsabilidade dos governos estaduais e dos municipais -, porque todos têm
que tratar os integrantes da população indígena do seu município, do seu
estado, como cidadãos sob sua responsabilidade.
Tratar
da questão indígena do Rio Grande do Sul é tratar da questão da terra dos
índios, assim como, também, no resto do Brasil.
Os
conflitos de terra no Rio Grande do Sul, nessa área indígena, se arrastam,
muitos dos quais, na Justiça, há décadas, sem uma solução para essas questões.
É
preciso que nós, neste dia, cobremos, do Governo Federal, do Governo do Estado
do Rio Grande do Sul, as novas políticas de apoio às populações indígenas no
nosso Estado.
Nós
temos acompanhado e sabemos que um dos principais dramas das populações
indígenas é a falta de assistência à saúde. A mortalidade e o índice de
morbidade das crianças indígenas no nosso Estado são altíssimos. Portanto, é
necessário discutir o aprofundamento de uma política pública que venha a
garantir saúde às populações indígenas do Rio Grande.
Nós
temos visto que, nesses três meses do atual Governo do Estado, apenas 30% do
que estava previsto da saúde chegou à reta final, ao atendimento real dos
cidadãos. E se as populações de origem indígena são as mais pobres do nosso
Estado, nós temos que buscar uma agilização dos recursos da área de assistência
à saúde, que venha a reverter a condição de miserabilidade em que vive a quase
totalidade dos quatorze mil gaúchos descendentes de indígenas de nosso Estado.
Eu
considero extremamente oportuno o debate, e nós, como políticos da Capital, que
recebemos diariamente os indígenas que são expulsos do campo para a cidade,
temos que colocar como nossa preocupação também esse tema. As ruas de Porto
Alegre estão cheias de índios, muitos deles transformados em mendigos, pela
questão do abandono, pela falta de uma política definida e clara para essa questão.
Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Dentro do Grande Expediente, nesta
homenagem que estamos prestando ao índio no seu dia, falará, em nome da
Comissão Municipal de Direitos Humanos, a Sra. Márcia Bauer.
A SRA. MÁRCIA BAUER: Sr. Presidente, Ver. Juarez Pinheiro;
representante do Conselho Estadual do Índio, Sra. Cleci Bozetto; Vereadores;
Vereadoras; entidades aqui presentes, que representam a luta em favor dos povos
indígenas; conselheiras e conselheiros do Orçamento Participativo, também
presentes aqui. Quando se discute a questão indígena no Brasil, duas premissas
fundamentais devem estar presentes. Primeira: quando os portugueses aqui
chegaram havia cerca de oito milhões e quinhentos mil índios, falando,
aproximadamente, mil e trezentos idiomas diferentes. Portanto, encontramos uma
diversidade imensa entre as nossas comunidades. Daí ser impossível generalizar
hábitos, culturas e visões de mundo tão diferenciadas, como até aqui a história
oficial e o senso comum fizeram, no sentido de descaracterizar os povos
indígenas.
A
segunda premissa é a de que estamos frente a um verdadeiro genocídio e
extermínio étnico, pois, quando por aqui os portugueses aportaram, tínhamos
oito milhões e quinhentos mil índios, e agora temos apenas trezentos mil.
Pergunta-se: o que aconteceu com os oito milhões e duzentos mil? Nunca, na
história da humanidade, tivemos uma quebra populacional tão grande. Daí a
gravidade da situação. Hoje a situação é dramática, a expectativa de vida do
índio brasileiro, segundo dados do Ministério da Saúde e FUNAI é de apenas 42
anos. A grande maioria das terras indígenas ainda não foi demarcada. Sabemos
muito bem que quando as comunidades indígenas não têm o seu bem maior que é a
terra, é o início de sua desagregação física e cultural.
No
Rio Grande do Sul, a situação não é diferente. A FUNAI, com o desmantelamento
das políticas sociais, é um órgão inoperante para promover o bem- estar das
comunidades Caingangues e Mbyá Guaranis; não tem funcionários suficientes e nem
um projeto específico que trabalhe no sentido da auto-sustentabilidade das
poucas reservas existentes. O resultado da incompreensão, preconceitos, do
descaso e de anos de uma política desastrosa é o contingente de índios que
habitam as beiras das estradas e que vivem da mendicância nas grandes cidades.
É
nesse panorama que Porto Alegre dá exemplos de cidadania. No ano passado esta
Casa aprovou, por unanimidade, uma Emenda à Lei Orgânica Municipal, com artigos
que visam à promoção e ao respeito às comunidades indígenas em Porto Alegre.
Desde
logo, a Prefeitura criou um grupo de trabalho, reunindo a FESC, SMS, SMIC,
DEMHAB, SMED, SMC sob a coordenação da CDHC, que tem como objetivos maiores a
elaboração de um relatório sobre a situação em Porto Alegre, propor, avaliar e
acompanhar políticas públicas de promoção das comunidades indígenas.
Dessa
maneira, estamos elaborando projetos para atendimento global e diferenciado na
área da saúde, comercialização do artesanato indígena, que pela Constituição
Federal, é patrimônio cultural da Nação, atendimento no campo da assistência
social, bem como parcerias com a FUNAI, Governo do Estado, Fundação Nacional da
Saúde, para a demarcação da reserva do Cantagalo, que terá uma parte dentro dos
limites da Cidade. Também participamos do Fórum Permanente Intermunicipal para
a Questão Indígena, onde se tenta propor políticas de promoção e,
principalmente, a demarcação das terras indígenas.
Sabemos
que é uma tarefa árdua, pois a questão indígena, até hoje não tem merecido a
atenção devida da sociedade e dos poderes públicos. O Brasil só se reconciliará
com a sua história quando voltar os olhos, com seriedade, para a problemática
indígena. Trata-se de resgatar uma dívida histórica para com os povos
indígenas. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Neste momento de Grande Expediente, por
oportuno, quando fazemos essa releitura do sofrimento dos povos indígenas,
queremos lembrar o ocorrido com os Sete Povos das Missões, quando do acordo
firmado pelos ibéricos - Espanha e Portugal. No momento em que verificaram o
crescimento dos Sete Povos das Missões, tanto na sua base cultural quanto na
base econômica, uniram os seus exércitos para dizimar aqueles brasileiros. Nós
nunca vamos esquecer isso!
Queremos
também dizer que temos na Grande Porto Alegre e região limítrofe, como abordou
a Sra. Márcia, uma Reserva Indígena de índios de origem Guarani, que ainda não
têm a sua reserva reconhecida pela FUNAI. Nesse sentido, além de outros
movimentos que esta Câmara realiza, através da Comissão de Defesa do Consumidor
e Direitos Humanos - e realizou um Seminário brilhante no ano passado -, não
podemos olvidar essa questão: esses brasileiros que estão numa reserva
limítrofe entre os Municípios de Viamão e Porto Alegre. Eles, em torno de cem
índios, ainda não têm a sua reserva reconhecida pela FUNAI.
Estão
suspensos os trabalhos.
(Suspendem-se
os trabalhos às 15h41min.)
O SR. PRESIDENTE (às 15h42min): Estão reabertos os trabalhos. O Ver.
Guilherme Barbosa está com a palavra, em Grande Expediente.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, quero
confessar que nesses últimos dias tenho ficado agradavelmente surpreso com
muitas posições trazidas a público pelo Encontro dos Bispos da Igreja Católica
do Brasil. Já fui um católico militante e, posteriormente, abandonei a prática
católica, Ver. João Carlos Nedel, porque eu tinha uma avaliação, conhecendo o
sertão do meu Nordeste, de que muito daquela pobreza era de responsabilidade da
Igreja Católica.
Hoje,
os jornais do nosso Estado trazem exatamente essa posição da Igreja, onde ela
vai pedir, oficialmente, perdão pela forma com que tratou os índios e negros no
Brasil. Foram exceções as figuras proeminentes da Igreja Católica que se
manifestaram a favor da superação da escravidão no Brasil, Ver. João Carlos
Nedel; foram exceções que reconheceram nos índios um povo, uma etnia, uma
cultura, e, querendo fazer o seu trabalho pastoral, arrebentaram com tudo isso,
liquidando com a tradição de um povo. Isso está nos jornais de hoje, e não sou
eu quem estou dizendo que a Igreja Católica fará um pedido formal de perdão. E
a pobreza do Nordeste brasileiro se deve muito a esse trabalho. Quando diziam
que as pessoas eram pobres porque Deus queria e que, depois, iria ganhar o reino
dos céus, que a gente sofre bastante na terra para ganhar o céu; é uma
exploração inominável as pessoas não terem um calçado, não terem uma roupa, as
crianças viverem nuas pelos campos, enquanto os usineiros, senhores produtores
de açúcar, e agora também de álcool, enriqueciam bastante. Eu vivi isso, Ver.
João Carlos Nedel, ninguém me contou.
Hoje
vejo com satisfação que a Igreja Católica faz essa reflexão, e esse documento
trazido a público, o documento de avaliação da conjuntura apresentada à 37ª
Assembléia Geral da CNBB, vem nessa linha. Com grande satisfação, eu digo a V.
Exa. que eu tenho lido esse documento. Por exemplo, na página inicial - vou
pinçar alguns trechos para dar uma idéia do conteúdo desse documento, que
consta: “Na verdade, estamos sendo agora frontalmente atingidos pelos efeitos
perversos do processo de globalização.” Parece até um discurso do PT, fico
impressionado. “Fomos sacudidos pela crise monetária que há tempo nos rondava
e, por causa disso, 1999 se anuncia como um ano de grandes dificuldades para o
povo. Este será, portanto, necessariamente, o quadro de fundo da análise que
apresentaremos este ano, uma vez que nosso compromisso preferencial é com a
população sofrida e marginalizada.” Mais adiante, citando trecho de documento
do Papa João Paulo II, cita textualmente documento de Sua Santidade: “Porém, se
a globalização é dirigida pelas puras leis de mercado aplicadas conforme a
conveniência dos mais poderosos, as conseqüências só podem ser negativas. Tais
são, por exemplo, a atribuição de um valor absoluto à economia, o desemprego, a
diminuição e a deterioração de alguns serviços públicos, a destruição do
ambiente e da natureza, o aumento das diferenças entre ricos e pobres, a
concorrência injusta que põe as nações pobres numa situação de inferioridade
sempre acentuada. Sua Santidade o Papa João Paulo II.” Mais adiante diz o
documento: “As recentes crises econômicas mostram o lado negativo da
globalização e do endeusamento do mercado. Alguns países das chamadas economias
emergentes viram, de repente, suas esperanças frustradas.” O documento sinodal
alerta para esses riscos. “Terra, trabalho e dinheiro estão entre as forças
mestras do atual mundo em mutação, mas não são mercadorias, pois não provêm de
produção alguma; no entanto, são tratados como mercadorias, com essa ficção se
organizaram os mercados de trabalho da terra e do dinheiro. Outorgaram o
mercado, a sorte dos seres humanos e seu meio ambiente resulta na destruição da
sociedade”. Ver. João Carlos Nedel, tenho muito a dizer, elogiando esse
documento da Igreja Católica, do qual V. Exa. é um participante.
O Sr. João Carlos Nedel: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Os Senhores Bispos da Igreja Católica hoje estão fazendo o seu
mea-culpa pela sua omissão, e, justamente, convido V. Exa. a fazer o seu
mea-culpa por omissão, por ter-se
afastado da Igreja Católica e, dessa maneira, tendo permitido isso. Portanto,
hoje, convido-o a voltar fortemente para a Igreja Católica para nós dois e os
outros ajudar a melhorá-la.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Agradeço o convite, mas penso que teremos
alas bem diferentes dentro da Igreja Católica, se por acaso um dia eu voltar.
Na
pág. seis do referido trabalho diz o seguinte: “Estudo recente traça a primeira
radiografia do mercado de trabalho brasileiro nos anos 90, polemiza com as
explicações neoliberais para o fenômeno e alerta: mantido o atual modelo,
restarão ao País os empregos mais precários da globalização”. É um argumento
que temos trazido, permanentemente, à discussão. A globalização exporta o
emprego precário, ficando com os empregos mais desenvolvidos”. Peço a atenção
dos Srs. Vereadores para o que diz na pág. nove, que é a parte mais importante,
citando nominalmente o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra: “O Movimento
presta aos brasileiros um serviço inestimável ao empurrar as autoridades para
frente dos problemas que, se pudessem, elas ignorariam. Sem o alarme do MST,
provavelmente o resto do Brasil não estaria interessado na seca do Nordeste,
até saque de armazém obedece ao calendário regional. É uma onda que
espontaneamente se ergue aos poucos para quebrar lá na frente. Se neste ano de
1999 - e os jornais não publicam - ela ficou mais visível mais cedo, é porque
desta vez o MST aprendeu a surfá-la. Ela não inventou, como o Governo e o
próprio Movimento sugerem através da imprensa. Nos últimos vinte anos houve
oito secas, todas com saques”.
Portanto,
merece grande aplauso esse documento da CNBB. Parece que a Igreja acordou, e
que o rumo será outro, denunciando as graves injustiças cometidas por essa
política neoliberal e há muito tempo pelos governos que antes a Igreja Católica
defendia. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Queremos registrar a presença do
jornalista Armando Burd, da Caldas Júnior.
O
Ver. Hélio Corbellini está com a palavra e cede seu tempo ao Ver. Reginaldo
Pujol, que está com a palavra, em Grande Expediente.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
inicialmente, cabe-me agradecer ao Ver. Hélio Corbellini, que me retribui hoje
a gentileza que, com muito prazer, tive em Sessão anterior, quando permiti que
o mesmo tivesse acesso à tribuna num Grande Expediente em que a Casa expressava
a sua posição favorável ao Movimento Nacional, que aquele dia celebrava, em favor
dos direitos humanos. Ele, como Presidente da Comissão específica da Casa,
tinha especial interesse em se manifestar naquela ocasião. Isso permitiu que eu
me manifeste numa ocasião em que a Casa acentua, por seus oradores, fatos
recentes e passados da História do País, inclusive alguns mea-culpas que aqui
são relatados e revigorados dentro da repercussão que esta Casa sempre
propicia.
Gostaria
de salientar uma visão muito particular que envolve, inclusive, os meus
cumprimentos aos integrantes da Bancada do Partido dos Trabalhadores, que têm
sido extremamente eficientes aqui na Casa no sentido de conduzir o debate que
aqui se realiza para temas outros que não a realidade do cotidiano da Cidade, a
qual temos a responsabilidade de dirigir. Hoje acentuam-se várias efemérides e
não se acentua, por exemplo, os cinqüenta e cinco anos do Hospital de Pronto
Socorro que, segundo o Sindicato dos Municipários de Porto Alegre, completa 55
anos sofrendo, o nosso HPS. Se houve repercussão do manifesto da CNBB, julgo oportuno
que, por justiça, façamos repercutir desta tribuna o manifesto, o comunicado
que hoje o SIMPA propicia, afirmando de forma textual: (Lê.)
“O
Hospital de Pronto Socorro chega, hoje, aos seus 55 anos de existência,
trabalhando sempre para manter o melhor atendimento possível à população de
Porto Alegre e outras regiões. Mas, enquanto merece receber parabéns de todos
os gaúchos por essa data, o HPS também precisa ser auxiliado para que sua face
real seja mostrada à comunidade e às autoridades do Estado. Para quem cumpre,
diariamente, a tarefa de salvar vidas dentro das centenas de salas do HPS, a
visão que se descortina não é a mesma vendida por muitos. Preocupado com o
quadro atual do atendimento, o Sindicato dos Municipários de Porto Alegre -
SIMPA - vem demonstrar sua preocupação com fatores que tendem a dificultar,
cada vez mais, o trabalho de centenas de colegas municipários na área médica, e
a vida de milhares de pacientes que procuram os serviços do HPS. Essa
preocupação deriva da crescente superlotação do Hospital, em suas mais
diferentes áreas, como no caso do setor de traumatologia, em que mais de 35
pessoas estão internadas em salas que comportam apenas 21 leitos. Isso
representa, hoje, um acréscimo de 17 leitos extras. Mesmo sabendo das dificuldades
para se manter o atendimento nos hospitais, precisamos lembrar que, para
receber esse excedente de pacientes, existe o mesmo número de funcionários.
Essa sobrecarga tem se acentuado nos últimos tempos, e a tendência é aumentar
com a chegada do inverno e suas doenças sazonais. Com o intuito de alertar à
população, o SIMPA vem a público reiterar a necessidade de a Administração
Municipal e a Direção do HPS sentarem para tentar solucionar problemas que
acabam por influir nas atividades profissionais da classe municipária. Essa
sobrecarga de trabalho em nada tem relação com as promessas sempre ouvidas da
atual Prefeitura Municipal, de valorização profissional de seus servidores.
Nesta data comemorativa, esperamos que a população atendida por nossos colegas
do HPS tenha consciente o fato de que, mesmo trabalhando prontamente para
atender todos os pacientes com o mesmo padrão de qualidade e atenção bem
merecida, os funcionários públicos do Hospital necessitam de um tratamento mais
digno, sem autoritarismo, com plena atenção às necessidades da Instituição e de
seus servidores, visando a manutenção do Hospital de Pronto Socorro como
símbolo de uma luta constante pela vida de todos nós.”
Assinalo
esse fato, Sr. Presidente, como um fato absolutamente inserido no cotidiano de
Porto Alegre. Faço-o para que, no futuro, não tenhamos que ouvir mea-culpa
daqueles que tendo, agora, a possibilidade de trabalhar objetivamente sobre
esse realidade, não o fazem. Faço-o para que a história não registre omissões
como agora se registra, relativamente ao tratamento da questão indígena no
Brasil, nos seus primórdios. Não somos mais o Brasil de 1500, somos o Brasil da
virada do milênio e não é possível que uma Instituição como o HPS, que ao longo
de todo o tempo e ao longo do tempo todo, tem sido um padrão de qualidade no
seu atendimento. Padrão esse que todos os prefeitos que passaram por esta
Cidade tiveram a sensibilidade de mantê-lo, possam agora - encoberto por uma
publicidade oficial que lhe dá relevâncias que não correspondem aos
investimentos ali feitos -, de uma hora para outra, ver diminuída a sua
capacidade de atendimento e assim ensejar que a qualidade de vida do
porto-alegrense, especialmente daquele que dele se socorre, possa ficar em
dificuldade.
Por
isso, enfatizei essa mensagem do SIMPA, quando do ensejo dos 55 anos do HPS,
cumprimentando os seus dirigentes por essa sensibilidade e, sobretudo, pelo
alertamento que fazem à Cidade para que não se deixem envolver por essa
propaganda que coloca a atuação brilhante, competente e eficiente do HPS num
plano irreal, que não corresponde à efetiva atenção que a Administração
Municipal tem dado a esse verdadeiro patrimônio da saúde pública da Cidade de
Porto Alegre. Para que isso não ocorresse com a nossa omissão, socorri-me do SIMPA
e registrei nos Anais da Casa essa manifestação que tem a finalidade precípua
de evitar que no futuro outro mea-culpa venha a ser feito desta tribuna ou de
qualquer outra tribuna deste País. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O próximo inscrito é o Ver. Isaac
Ainhorn, que cede seu tempo ao Ver. Luiz Braz, que está com a palavra, em
Grande Expediente.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Sr. Secretário, Srs.
Vereadores, quero agradecer ao meu amigo, Ver. Isaac Ainhorn, que me cede seu
tempo e me possibilita a leitura de um manifesto partidário, que acredito é
elucidativo com relação ao que está acontecendo nos dias de hoje. (Lê.)
“Por
que vocês estão calados?
No
início foram somente agressões em disputas sindicais. Depois, invasões
orquestradas em núcleos de apartamentos, casas e terrenos, afinal, todos
precisam morar.
Invasões
de dezenas de áreas rurais somadas a protestos de solidariedade em defesa
dessas mesmas invasões e que, sem controle, absurdamente, culminaram com a
degola covarde de um soldado que passava no local, em pleno Centro da Capital,
na frente de centenas de pessoas que, em choque, por medo emudeceram.
E
assim, os covardes e assassinos foram defendidos como vítimas de uma sociedade
excludente e opressiva.
Em
outra oportunidade as vítimas foram bois, que na invasão de área da pesquisa
agrícola e pecuária, em Livramento, onde as matrizes de gado leiteiro,
importadas com dinheiro público do Governo do Estado, serviram para um faustoso
churrasco e bizarra zombaria. Afinal, eram somente bois!
Na
invasão de Estação de Pesquisa Experimental Universitária, em Cachoeira do Sul,
onde anos de trabalho de pesquisa em “grãos transgênicos” foram roçados em nome
de uma pureza de plantio, ou seja, sucumbindo à própria razão do conhecimento.
A
rotina de invasões os levaram aos prédios públicos - INCRA, EMATER, Receita
Federal, culminando no plenário da Assembléia do Estado, com a absurda
participação e apoio de respeitáveis parlamentares e dirigentes sociais.
A
intervenção no transporte coletivo de Porto Alegre, gerou um prejuízo de
duzentos milhões de reais aos cofres público, são quase duzentos reais por
habitante. Quem irá pagar? Isso não requer nenhuma explicação, afinal foi tudo
feito em nome do povo.
As
extorsões nos créditos do PRONAF, onde os denunciantes e Prefeitos são tratados
como delatores, são cercados, coagidos e ameaçados, isso torna-se coisa muito
menor.
Creches
fantasmas onde os estelionatários e fraudadores são definidos como se fossem
vítimas de dificuldades financeiras e conjunturais, comprometendo por sua ação,
pessoas sérias e honradas.
Em
síntese, o melhor aprendizado das práticas das escolas nazi-facistas e,
presentemente, das milícias talibãns, hoje no poder na República Islâmica do
Afeganistão.
Em
nome da pureza ideológica e de uma doutrina política que estabelece que ‘nós
somos o bem e eles são o mal’, falta pouco para fazer fogueiras com a queima de
livros, o resumo do reconhecimento.
É
totalmente estranha no Rio Grande do Sul e no Brasil este tipo de prática
política segregacionista e absoluta.
Uma
cegueira xenófoba, onde todo o princípio democrático do direito ao
contraditório é intolerado e o maniqueísmo é regra aplicada e aceita como
normal, tudo isso acontecendo e seus olhos estão cerrados, e sua voz de tão
calada emudeceu.
Nenhuma
palavra de reprovação contra essas práticas que denigrem a condição política e
humana do Rio Grande, nada!
O
Partido dos Trabalhadores se torna refém dessa turba reacionária e fascista.
Quando
a Constituição e a lei são desrespeitadas é quando se instala o império da
barbárie e das trevas, que juramos repudiar.
Com
toda a sinceridade, pretendo chamar a atenção dos companheiros do Partido dos
Trabalhadores, para este grave momento.
Sou
testemunha de sua luta diária, na construção de seu partido e de uma história
grandiosa, repleta de sacrifícios e exemplos de abnegação.
Seu
partido é formado, em sua grande maioria, de homens e mulheres, honrados, de
coragem indiscutível e de uma determinação que, muitas vezes, não concordo,
obstinada; porém, não tenho ouvido suas vozes nos últimos tempos, não posso
acreditar que tornaram-se mudos frente à tolerância e cegos à intransigência.
Não!
Sua história é digna e grande, com brilhantes exemplos de humanismo,
solidariedade e desprendimento. Sei que muitos de vocês viveram na própria pele
a crueldade da obscuridade e da intolerância. Mas não posso compreender vossa
passividade, vosso silêncio, em aceitar essas agressões e absurdos desatinos, a
uma sociedade que todos nós, todos nós mesmo, com todas as dificuldades lutamos
para reconstruir diariamente. Com certeza o estado democrático tem muitas
falhas, e muitas falhas ele tem, porém, acredito firmemente que é melhor
errarmos juntos, com nossas instituições, do que acertamos sozinhos em nossos partidos,
não importando seu tamanho. Não posso enxergar somente imperfeições nos filhos
dos outros, e os meus serem belos e maravilhosos. Todos nós temos defeitos e
qualidades, e, conseqüentemente nossos partidos, que em alguns casos, são
retratos desfigurados de uma sociedade injusta e desigual.
Falo
pelo PTB (Partido Trabalhista Brasileiro), que tem mais anos de história que a
história da maioria dos pais de vocês. Foi matriz para tudo o que houve de
popular e progressista em nosso País. Que passou os piores anos desse século
lutando obstinadamente quando a incompreensão e a intolerância ameaçavam a vida
dos povos, tentando modestamente contribuir para a construção de um mundo de
trabalho, justiça e progresso. Temos erros e acertos, assim como a própria vida,
não há como negar. Porém, assumimos nossos erros, os temos. Não somos perfeitos
e nem detemos nossa verdade como sendo única e absoluta. Não podemos conceber a
construção de uma sociedade mais justa, fraterna, igualitária, solidária e
humana, com invasão da Assembléia, sem a preservação de nossas Instituições e,
muito menos, a interferência leiga em pesquisas do conhecimento humano, que
fatalmente, contribuirão para o conforto e a felicidade das futuras gerações, e
que tanto custam ao nosso povo sofrido.
O
PTB alerta e repudia veementemente essa prática reacionária, pois também
conhece a dor e a escuridão. Fico imaginando a angústia que deve rondar vossos
corações e mentes, homens e mulheres dignos, que sempre combateram essa
prática, esse perigoso comportamento. Embora com todos esses fatos os vejo
mudos, embora proselitistas, sem voz, mas ameaçadores, temerários, mas,
incompreensivelmente calados e passivos. Esse caminho maniqueísta, de confronto
sistemático, de ameaças, de provocação, não é vosso caminho; é diametralmente
oposto a vossa história. Vossa história é grandiosa, corajosa, com ensinamentos
para todos nós, que embora não concordando, sempre procuramos aprender e,
fundamentalmente, a respeitamos. Quero alertar a todos que a aventura não pode ser
instrumento de ação de homens honrados, sensatos e responsáveis, é o caminho
pueril da inconseqüência, do desconhecido que trilha a passos largos a
escuridão. Tenho certeza de que poderei contar com a compreensão e consideração
dos senhores, afinal de contas, não sou nenhum grande letrado nos respeitáveis
caminhos dos dogmas sociológicos, filosóficos e ditos progressistas. Não sou a
negação do todo, mas apenas uma modesta e pequena parte da afirmação. Sou
apenas um petebista limitado, mas combatente e corajoso contra a intolerância e
obscurantismo, preocupado com o silêncio de V. Exas. ou, com o que me nego em
acreditar, a sua convivência e simpatia. Afinal, V. Exas. são homens e mulheres
honrados que se filiam e comungam com os princípios do Partido dos
Trabalhadores, com dignidade e coragem suficientes para dizer não. Como a
intolerância começa no espírito, antes que os levem à violência e à destruição,
sinceramente os concito: deixem sua alma falar, digam não!” Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Esta Presidência aproveita a
oportunidade, quando esta Casa faz um debate sobre a prática política, para
chamar a atenção da importância de que venhamos a ter o Grande Expediente, de
novo, em nossa Sessão. Este debate serve para uma reflexão de que venhamos a
resgatar esse período importante da nossa Sessão.
O
Ver. Adeli Sell está com a palavra, em Grande Expediente, no tempo que lhe cede
o Ver. Mário Fraga, por oito minutos, eis que o tempo do Ver. João Bosco Vaz,
licenciado, passa ao Ver. Mário Fraga que o cede o Ver. Adeli Sell.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, um
agradecimento muito especial ao Ver. Mário Fraga pela cedência deste tempo. O
Partido dos Trabalhadores tem dezenove anos de afirmação. A nossa história é de
homens e mulheres que combatem injustiças. Nós temos um passado e, nas veias
dos petistas de hoje, sentimos o sangue daquele índio que, quando os
portugueses aqui chegaram, se rebelou contra a invasão e contra o roubo do
pau-brasil. Em nós circula o sangue quente dos escravos que se rebelaram e
foram a Palmares, em nós circula o sangue quente dos inconfidentes que se
negaram a se subjugar ao Império Português. Nós somos daqueles que combateram a
Ditadura Militar. Somos daqueles que não nos subjugamos aos ditames do
neoliberalismo.
Nós,
do Partido dos Trabalhadores, não precisamos receber lições de qualquer partido
sobre ética na polícia, porque em todos os movimentos pela decência nesta
Pátria, pelas Comissões Parlamentares, pelas investigações a fundo, nós
estivemos presentes. Não vamos tolerar, de jeito nenhum, que sobre o nosso
Partido recaiam dúvidas de autoritarismo ou de adjetivos como os que aqui foram
empregados. Nós temos diferenças políticas e ideológicas profundas. Nós
estamos, hoje, com aqueles que representam a visão do Ver. Luiz Braz, em campos
completamente antagônicos. Nós queremos um novo Brasil, um novo Rio Grande, não
o Brasil de Collor de Mello; não o Brasil de sua tropa-de-choque liderada pelo
Deputado Jeferson. Não! Isso nós não queremos. Isso nós enterramos, os
caras-pintadas, nas ruas de Porto Alegre e deste País. Não! Nós queremos um
outro Brasil. Um Brasil livre e soberano que questione os ditames do Fundo
Monetário Internacional; que vá a fundo na CPI dos Bancos, porque o nosso
Partido quer que essa CPI vá às últimas conseqüências e que todos nós, à luz do
dia, possamos saber o que fez o Banco Central e o que fizeram os seus
representantes.
Assim
como nós agimos na macropolítica, nós agimos na micropolítica. Em todos os
momentos em que este Partido teve assento nesta Casa, assumiu qualquer função,
nós tivemos a responsabilidade de cuidar da coisa pública. Assim como cuidamos
da coisa pública em Porto Alegre, nós cuidamos da coisa pública em São
Francisco das Cachoeiras, em Amazonas. Para nós, não importa o tamanho da
cidade; não importa a grandeza do município; não importa o seu orçamento; não
importa se estejamos no Executivo Estadual, como estamos no Palácio Piratini
que muitos ainda não entenderam que, no Palácio Piratini, o Governador se chama
Olívio de Oliveira Dutra.
Muitos
não querem entender que nesta Casa somos vigilantes, quotidianamente, e não
precisamos receber lições de quem quer que seja sobre a conduta nesta Casa,
porque fomos nós que fizemos requerimento nesta Casa para que qualquer
investigação, por exemplo, sobre o fato lastimável da questão das creches fosse
amplamente investigado, porque nós não acobertamos ninguém, não acobertamos os
que não trabalham, não acobertamos aqueles que fazem duplicidade da sua atividade
no serviço público. Temos a grandeza de, ao chegar aqui, erguermos nossas
cabeças e não ficarmos envergonhados de nada que fizemos e do que estamos
fazendo. Este Partido teve a grandeza de expulsar de seus quadros aqueles que
romperam com a ética na política, e que tiveram um comportamento indecoroso,
como em 1989 expulsamos o secretário de organização do partido por ter mal
versado fundos de uma entidade da qual era responsável.
Temos
uma história. É verdade, uma história curta de dezenove anos, mas é uma
história - como eu disse há pouco -, que é um acúmulo de tudo aquilo que se fez
neste País para evitar que o nosso povo seja subjugado aos ditames de quem quer
que seja. Foi assim com o índio, com o negro; foi assim durante os anos
difíceis da ditadura militar. Também temos nas nossas veias a composição do
sangue judeu e palestino, porque, assim como nós hoje levantamos nossas vozes
contra as injustiças que se praticam na Iugoslávia, nos colocando contra os
massacres da OTAN, quando queremos a paz para os povos do Leste, assim como
queremos a paz entre judeus e palestinos, queremos dizer aqui que nenhum
adjetivo de “intolerante”, muito menos de “nazifascismo” pode ser aplicado ao
Partido dos Trabalhadores. Sempre que algum militante, algum filiado ao nosso
Partido cometa algum equívoco, incorra em erros, que pratique algum ato que
fira a ética na política, teremos os nossos fóruns, assim como temos os fóruns
públicos desta Câmara, da Assembléia Legislativa, da Câmara dos Deputados, do
Senado, tem o Tribunal de Contas, e
não temos medo de sermos julgados!
Mas
há gente, sim, que tem medo, que precisa se esconder, que precisa espalhar
boatos em corredores. Mas nós não vamos temer nenhuma pressão, seja pressão
externa ou interna desta Casa; vamos fazer com que tudo nesta Casa seja
transparente. Nós não vamo-nos submeter aos bochinches, aos boatos, aos
zunzuns, que tenho ouvido nos últimos sete dias aqui nesta Casa, de estarmos
sob uma forte pressão para que as coisas continuem como nos velhos tempos. Nos
velhos tempos em que tudo se podia no Parlamento, porque se virava as costas
para a população.
Eu
tenho orgulho de ser do Partido dos Trabalhadores! Eu tenho orgulho de carregar
essa bandeira, porque é uma bandeira sem mancha, diferentemente de muitos que
não podem empunhar bandeira alguma. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Lauro Hagemann está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu
inicio o meu discurso cumprimentando publicamente o nosso colega João Verle por
ter assumido a Presidência do BANRISUL. Uma posição muito importante e decisiva
para o destino do nosso Estado. A propósito do nosso colega João Verle devo
referir uma entrevista concedida por ele a Zero Hora de ontem, na qual, num dos
trechos, ele diz algo que me conforta, conforta ao meu Partido. Perguntado se o
Governo descarta a possibilidade de privatização, mas admite a venda de parte
das ações do BANRISUL, João Verle respondeu: “A questão não está fechada, mais
de 99% das ações estão em poder do Estado. Examinaremos a possibilidade e
discutiremos para ver se captar recursos de particulares, sem abrir mão do
controle, pode ser uma boa opção. O meu Partido não advoga a privatização, mas
também não é infenso a determinadas privatizações. Nesta caso não se trata de
uma privatização; trata-se da venda de uma parte do patrimônio do Estado, sem
perder o controle da entidade. Isso é o que deve ser perseguido, no nosso
entendimento. Assim como o BANRISUL que, no dizer do nosso colega João Verle,
tem mais de 99% das ações, pode prescindir de boa parte dessas ações em favor
de capitais privados; também a CORSAN pode vender parte de suas ações. Assim,
também, é com outros organismos estatais, porque nós não queremos confundir o
ideal socialista que estamos a perseguir com estatismo, não são coisas iguais.
À propósito, eu lembro um artigo do escritor Luís Fernando Veríssimo, publicado hoje em Zero Hora, que se intitula “Paciência”. Ele aborda justamente esta questão. Ele diz que o PT, no governo do Estado, pode transigir sem trair suas idéias, e pode ser fiel a si mesmo. Essa é a questão! Mais adiante, ele complementa: “A grande lição da administração do PT em Porto Alegre foi a da virtude da paciência ou a de deixar o bom senso fazer o que a ideologia mobilizada não consegue”. Ele diz também: “O PT, no governo do Estado precisa ter inteligência para conceder o que for preciso e preservar o que for essencial do seu programa, e sabedoria para saber a diferença”.
O
PPS advoga, com todas as letras, a venda de parte das ações de empresas
estatais, não para financiar as montadoras estrangeiras, mas os setores de
educação e saúde, cuja carência de recursos é reconhecida. É para isso que se
deveria destinar a venda de parte dessas ações, sem, porém, que o Estado
perdesse o controle dessas entidades, que são vitais para o prosseguimento de
sua ação. Portanto, deixamos isso bem claro: o PPS é a favor da venda de parte
das ações do BANRISUL, da CORSAN e de outras estatais, sem que o Estado seja
privado do controle dessas entidades. Esta é a nossa meta, esta é a nossa
proposta.
Era
isso que eu queria dizer, cumprimentando, mais uma vez, o nosso colega, Sr.
João Verle, pela acuidade em defender essa situação. Ele diz que não é infenso
à venda de ações do BANRISUL, e é por esse caminho que pode transitar a
sustentabilidade de um governo como o nosso no Palácio Piratini. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Carlos Nedel está com a
palavra. Desiste. O Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra, em Grande
Expediente.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, há uma
profunda incerteza no atendimento do porto-alegrense. Jamais, qualquer
autoridade do setor publicou um projeto, por exemplo, quadrienal,
sistematizando a atenção à saúde na nossa Cidade.
Da
autodenominada Administração Popular, após a denúncia do sucatamento do
Hospital de Pronto Socorro - que hoje completa 55 anos de grandes serviços
prestados à população da capital, Região Metropolitana e interior do Estado,
com graves problemas de pessoal e com quadros insuficientes para o grande
atendimento crescente que faz - expeliu do cargo o Sr. Secretário, que exercia
há um ano, sendo substituído pelo atual, após dois governos atípicos e de falta
de uma visão integrada e de preparo para assumir plenamente.
O
dado mais importante é fornecido por estudo da UFRGS, constatando que as
emergências da Cidade cifram em 44% a proporção de pacientes que, desnecessária
e inadequadamente, buscam seu primeiro socorro, isto é, entram no sistema pela
porta de saída. Pela falência da rede básica e desuniformizada, cada posto
funciona de acordo com sua origem, sem pertencer a um sistema.
Há
uma ociosidade de 17% de consultas, só no Grupo Hospitalar Conceição,
disponível para agenda, fora das vagas criadas com o não comparecimento,
chegando a soma das duas, Ver. Pedro Américo Leal, em 28%, ou seja, em torno de
37 mil consultas mensais à disposição.
Quem
organiza a oferta de Serviço é o gestor do SUS em Porto Alegre. Se não o faz,
como no caso, torna-se um mero repassador de recursos, repasse este que se
torna onerosíssimo para a saúde do Rio Grande do Sul, pelos custos financeiros
dos mediadores, pelo CPMF, sem contar o tempo de “floating” bancário e o tempo
de retenção por parte da Secretaria da Saúde que sempre ultrapassa aos cinco
dias de tolerância para pagamento.
A
conta nº 73250-8, do Banco do Brasil, da Secretaria da Saúde do Município tinha
aplicado em títulos públicos federais em dezembro de l997, a importância de R$
6.430.543,70. Agora, no fim deste ano dobrou, mais de 12 milhões estavam
aplicados. Enquanto isso, não houve até hoje o repasse de R$ 6.000.000 para o
Hospital de Clínicas e de R$ 5.000.000 para o Hospital Conceição, sustentáculos
do sistema na Grande Porto Alegre, Porto Alegre e interior.
Se
a memória dos nobres Vereadores não os trair, lembrem-se que há poucos dias foi
fechado o Posto de Saúde da Família nº 1, da Vila São José do Murialdo. Ou
ainda, da negativa de permissão da visita de três Vereadores a um posto de
saúde, cuja denúncia era de não ter médico, substituído apenas pelo atendimento
da enfermagem.
Lembram-se
da visita do Secretário da Saúde Dr. Henrique Fontana a esta Câmara, com um
impresso que tinha na capa um telefone, apregoando a instantaneidade do sistema
e prometendo, através de três dígitos, a marcação central de consultas? Até
hoje não funciona, ou melhor, eu desafio qualquer um dos meus Pares a
conseguirem consultas nas seguintes especialidades: oftalmo, otorrino, clínica
médica, ortopedia e traumatologia, endocrinologia. Só para daqui a seis meses,
na melhor das hipóteses.
Quais
os indicadores de avaliação do sistema? Ele funciona bem? Ele funciona mal? Se
é que existem esses indicadores.
Há
mais ou menos um ano, o Posto de Saúde da Família, na Wenceslau Fontoura, foi
visitado pela Comissão de Saúde, com a presença do Presidente da Comissão de
Saúde, Dr. Renato Guimarães. A queixa maior era a condição sanitária do Posto,
ou melhor, como fazer saúde com dejetos expostos ao ar livre dentro do próprio
terreno do posto? Até hoje tudo está na mesma.
Na
área de ofertas de leitos, o leilão do Hospital da Sociedade de Beneficência
Portuguesa, o permanente fechamento do Hospital Vila Nova, a redução, a metade
dos leitos do Hospital Parque Belém, o definitivo fechamento do Hospital
Lazzarotto, a recusa de negociação com a Associação dos Hospitais tornem
incerta e difícil a situação dos pacientes que necessitam de leitos
hospitalares.
Por
falar em leitos, temos um outro problema sério a discutir. Todos esses
aspectos, e muitos outros, gostaríamos que fossem feitas aos responsáveis pela
ora ausente, ora insuficiente política Municipal de Saúde, há dez anos
instalada em Porto Alegre. É só comparar com cidades congêneres que, mesmo
longe do ideal, apresentam performance muito superior em quantidade, mecânica
de funcionamento e qualidade, por exemplo, como o paradigma, Curitiba.
É
fundamental que, na próxima proposta orçamentária, se cumpra a Lei. Que se
inclua no Orçamento do Município a verba de 260 milhões por ano recebida pelo
SUS, compatibilizada, parte dela para o pagamento específico de contas
hospitalares, retida, rentabilizada e reutilizada na contratação
(cartas-contratos, estagiários, que todos sabemos como!) de profissionais e
recuperação de postos. Quando isso poderia ser feito com verbas orçamentárias,
se nos 13% da Lei Orgânica do Município fosse incluído o total da verba do SUS.
É
fundamental que se cumpra a lei. O Partido dos Trabalhadores se jacta até ao
ridículo do auto-elogio, “nós somos bons, ótimos e transparentes”.
Há
mais de dois anos este Vereador tem apontado a necessidade de cumprimento da
Lei Federal nº 8689 , que dispõe sobre a extinção do INAMPS e que obriga ao
gestor do Sistema Único de Saúde a fazer audiência pública nesta Câmara de
Vereadores, o que não é feito.
Cansados
de tanto esperar, recorremos na semana passada à Promotoria Cível, encarecendo
não só a necessidade do cumprimento da lei, mas pela sabedoria do texto legal,
pela expectativa de poder contribuir na avaliação e eventual melhora das
agências burocráticas da saúde, pela própria coerção da lei, possa o público
participar (olha aí a ironia da participação!) já cansado da “luta”, da
“reflexão”, graves reflexões, parcerias e transparências, enfim, desse imenso
discurso uniformizado e permanentemente repetido.
Até
hoje recebemos apenas a ironia, a chacota da Bancada do PT, nosso pedido jamais
foi atendido.
Enquanto
isso, hospitais fecham, não são pagos, os leitos diminuem e a crise se agrava
até o insuportável. O inverno está aí, dando uma pequena amostra dos seus
efeitos (assim como a chuva recrudesce os pontos de alagamentos em Porto
Alegre, a falta de educação apodrece os nossos recursos hídricos),
repetindo-se, a cada ano, a mesma queixa. O bode expiatório para todas estas
mazelas é sempre a União, o Governo Federal. Mais de setenta por cento de toda
a assistência médica na Cidade de Porto Alegre é patrocinada, é garantida pelo
Governo Federal. Muitos equívocos e mal-entendidos poderiam ter sido evitados
com a presença do Secretário nesta Câmara em audiência pública. E os acréscimos
e subsídios poderiam enriquecer e melhorar a combalida e vergonhosa situação da
saúde em Porto Alegre. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Dib está com a palavra para
falar no período do Grande Expediente.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, quero,
em nome da Bancada do meu Partido, saudar a presença no Plenário do ilustre
Jornalista Armando Burd. Quero, ainda, falar em injustiça, de duas injustiças.
Uma, com Getúlio Vargas, e outra, no Pronto Socorro, que hoje aniversaria.
Os
herdeiros de Vargas esqueceram-se do grande presidente no dia do seu
aniversário. Ele sempre foi homenageado nesta Casa, mas parece que hoje não
havia a preocupação dos herdeiros de Vargas em homenagear essa extraordinária
figura. Então, eu vou ler o que dele disse um seu desafeto, Assis
Chateaubriand, no seu discurso de posse na Academia Brasileira de Letras.
Chateaubriand
disse o seguinte: (Lê.) “... de Vargas se poderá dizer que foi o espongiário
magnífico desse oceano humano que é o Brasil. Ele era o guasca, o campeiro, o
caipira, o tabaréu, o matuto, o jeca, o sertanejo, o farroupilha, o favelado, o
charrua, o tamoio, o guarani, o capixaba, o caeté, o tupinambá, o tabajara, o
tupiniquim, o timbira, o marroeiro, o homem branco, o negro, o amarelo, nas
infinitas nuanças de todas essas cores; a música dos nossos rios; o barulho das
nossas cachoeiras; a alegria das nossas madrugadas, a graça de um mês de maio
nas campinas verdes do Rio Grande; o sorriso das nossas crianças; o uivar do
minuano na cochilha; o coruscar das estrelas neste céu tropical; que
deslumbrante aquarela do Brasil; que força elementar da vida. Não era um
fragmento da nossa natureza, porque era toda ela. Os medíocres charlatães que
já o estudaram, não enxergaram o segredo da sua imensidade. Vargas era ele, por
todos seus contrários; a sua prodigiosa glória é de haver, tantas vezes,
sacudido este cadáver obediente que é o Brasil. Ele não falava para o povo,
oficiava como um sacerdote”.
Acho
que fazemos um pouco de justiça à figura extraordinária de Getúlio Vargas.
Mas,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, hoje, 19 de abril, o Hospital de Pronto
Socorro completa cinqüenta e cinco anos. Cinqüenta e cinco anos de uma
trajetória gloriosa, extraordinária e que o servir à coletividade esteve
presente em todos os seus dias. Foi idealizado pela figura extraordinária de
José Loureiro da Silva, que só não o inaugurou, porque saiu da Prefeitura um
pouco antes. Mas as obras se realizaram sob o seu comando. E Loureiro, para
mim, foi o maior Prefeito que esta Cidade já teve. E conheci bem Telmo Tompson
Flores e Guilherme Socias Villela. Mas Loureiro foi, para mim, o Prefeito do
século.
Desde
1994, e aí vai a injustiça, tenho tentado homenagear duas extraordinárias
figuras do Pronto Socorro, que lá estavam nos seus primeiros dias, e não
consigo ao menos a resposta do Executivo Municipal. São as figuras do Dr. Luís
Carlos Ely e Dr. Sérgio Curtis. O Dr. Sérgio Curtis, traumatologista,
plantonista, chefe do Setor de Traumatologia, desde a sua criação até a sua
aposentadoria, com mais de 40 anos de serviço prestado, tendo sido jubilado por
isso.
O
Dr. Luís Carlos Ely foi um dos fundadores do HPS, cirurgião plantonista, chefe
de Clínica Cirúrgica e Diretor do Hospital. Era profissional de alto conceito,
técnica indiscutível, idoneidade ilibada e ao longo de toda a sua vida pública
cumpriu, exemplarmente, suas tarefas. E o Dr. Arnaldo da Costa Filho propôs,
juntamente com outros colegas seus, a esses dois extraordinários médicos que
ajudaram o Hospital de Pronto Socorro desde os seus primeiros passos, pois
estavam lá, quando o Pronto Socorro, há 55 anos, foi criado, que se pudesse
render uma homenagem a esses dois nomes, através de um processo, chamando o
Bloco Cirúrgico do HPS de Dr. Luís Carlos Ely, e o Setor de Traumatologia, de
Dr. Sérgio Curtis. Não houve nenhuma resposta do Executivo; foi enviada uma
carta deste Vereador ao Prefeito Tarso Genro; carta ao Dr. Henrique Fontana,
Secretário Municipal de Saúde, que também não respondeu; carta ao Diretor do
Hospital de Pronto Socorro, Dr. Carlos Eduardo Neri Paes; reiteradas cartas, e
a última foi no dia 26 de outubro de 1998, e nenhuma resposta.
É
uma injustiça! Nós falamos nesse Hospital extraordinário, que serve não somente
à Cidade de Porto Alegre, mas aos três estados do Sul, especialmente na área de
queimados. O Hospital de Pronto Socorro impressiona. Eu tive a oportunidade de
trazer, para visitar o Hospital de Pronto Socorro, o Prof. Valentine Logue, à
época catedrático da Universidade de Londres na área de Neurocirurgia e
Neurologia, e ele ficou impressionadíssimo com o Hospital, dizendo que
dificilmente haveria outro no mundo, tão bem equipado e tão bem aparelhado.
São
centenas de servidores no HPS; cada um dá o seu pedaço, cada um dá a sua
contribuição, e o somatório de todos é um serviço extraordinário de que a
Cidade de Porto Alegre tem que se orgulhar.
São
cinqüenta e cinco anos de excelentes serviços prestados, e nós esperamos que a
cada dia fiquem melhores; o aumento no atendimento diário do Pronto Socorro
mostra que eles estão atendendo bem. As dificuldades são grandes, ainda que
haja muitos recursos, mas parece que a Prefeitura nem sempre os aplica bem.
Hoje lê-se nos jornais de que treze milhões estão sendo aplicados no sistema
financeiro, ao invés de pagarem as contas para o Hospital Conceição. A
Prefeitura faz isso; o sistema financeiro é muito importante para a
continuidade das coisas na Prefeitura. Mas o Pronto Socorro, com os seus
servidores, supera tudo e continua servindo bem, com dificuldades de toda
sorte; com dificuldades de receber mais pacientes, que são atendidos até nos
corredores; com dificuldades de seus servidores, que não são reconhecidos pela
Prefeitura, que fica de fazer um plano de carreira e não faz. Mas o Hospital de
Pronto Socorro, aos 55 Anos, continua sendo o orgulho de cada um e de todos
nós. Nós, da minha Bancada, Vereadores João Carlos Nedel, Pedro Américo e eu,
formulamos votos de que continue servindo a nossa população, da forma como vem
fazendo, com carinho, solidariedade e com extrema competência. Saúde e paz!
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. João Motta inscreve-se e cede seu
tempo ao Ver. Renato Guimarães.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores,
em primeiro lugar, fazemos o registro pelos 55 Anos do Hospital de Pronto
Socorro, uma história construída nesta Cidade, atendendo a todo o Estado do Rio
Grande do Sul. Ampliando o atendimento, neste momento, o Hospital de Pronto
Socorro está tendo sua área duplicada, na região da Av. Venâncio Aires,
capacitando a sua área de CTIs, qualificando o atendimento especializado. É um
dos melhores hospitais de emergência da América do Sul, com a melhor
tecnologia, apostando em que o Poder Público tem como fazer uma boa política
pública para a sua população, não precisando privatizar. Acho interessante isso
ser destacado. Há muito por fazer em relação aos funcionários, não só do
Hospital de Pronto Socorro, mas do conjunto dos funcionários públicos deste
Município, deste Estado e deste País. Com toda certeza, a política de
emergência da Prefeitura, colocada em prática no Pronto Socorro, é exemplo
internacional. Destaco também que as pessoas trazem para esta tribuna um debate
sobre a política municipal de saúde, mas eu posso aqui testemunhar que elas
desconhecem o Plano Municipal de Saúde, e nunca estiveram numa conferência
municipal de saúde, que é o órgão máximo da construção da política municipal da
saúde. Essas pessoas desconhecem isso, elas pensam que o diploma da faculdade
lhes dá o direito de dizer que entendem, que o Município não tem um plano de
Saúde. Tem uma população-cidadã, nesta Cidade, que com três Conferências Municipais
construíram um Plano Municipal de Saúde, que está sendo posto em prática.
Sessenta Postos de Saúde Municipalizados foram entregues, há dois anos atrás,
pelo Governo do Estado anterior totalmente sucatados, e hoje os sessenta postos
estão novamente abertos e atendendo muito bem a população.
Eu gostaria, na linha do Vereador que nos antecedeu, de perguntar por que o PTB, o PSDB, e o PPB se encontram calados? Um escândalo, anos atrás, protagonizado por um motorista, arrastou o Presidente Collor para o “impeachment”. Circulam notícias, nacionalmente, de que o Governo Federal passou informações privilegiadas a banqueiros, no momento da quebra do real, na sua desvalorização, e que essas informações foram passadas por dirigentes do Governo Federal para bancos privados. E por que Vossas Excelências continuam calados? Começa a se abrir um tampão num governo que dizia que não tinha corrupção. Está aqui: “Fernando Henrique Cardoso minimiza notícias sobre Francisco Lopes”. E assim segue um conjunto de argumentos dizendo que o Presidente do Banco Central tinha sido demitido, portanto não tem envolvimento com o Governo. As provas dizem que o Diretor do Banco Central passava informação ao bancos privados, no momento em que a moeda brasileira foi desvalorizada, para esses bancos poderem aplicar no dólar. O que esses partidos, que são a sustentação deste governo, fizeram e continuam fazendo? Permanecem calados. Um governo que a cada dia aparece uma suspeita de corrupção. O que fazem esses partidos que continuam calados?
O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Renato Guimarães, V. Exa. pergunta pelo meu Partido e eu
respondo. V. Exa. não é o dono da verdade e nem sabe a verdade pelo visto,
senão não haveria a necessidade de uma Comissão Parlamentar de Inquérito na
qual o meu Partido e o de V. Exa. também assinaram e que realmente vai
esclarecer as dúvidas. Não fica muito bem ter como certo, como preciso, como
conciso que as culpas aconteceram para essa ou aquela pessoa Senão, não há
motivos para fazer comissão parlamentar de inquérito!
O SR. RENATO GUIMARÃES: Ontem, dois Procuradores que estão
investigando o caso revelaram ao Jornal Folha de São Paulo que foram
encontrados na casa de Francisco Lopes, ex-Diretor do Banco Central, outros
documentos tão graves quanto um bilhete do dono do Banco Marka, principal
suspeito dessa grande conspiração que acabou favorecendo banqueiros, bilhetes
endereçados ao ex-Presidente do Banco Central. Em um bilhete, o banqueiro pedia
que Francisco Lopes interviesse nas negociações para agilizar operação de
socorro ao Banco Marka. O ex-presidente disse que recebeu vários recados do
banqueiro. Está aqui um conjunto de provas que mostram que um pessoal da maior
importância dentro do Governo Federal estava agindo, facilitando a vida desses
banqueiros. E os partidos de sustentação do Governo Federal, nesta Casa,
permanecem calados. É importante debater a respeito desse assunto. É importante
também que os Vereadores venham à tribuna para esclarecer essas questões. Um
escândalo muito menor arrastou o Presidente Fernando Collor de Mello para o
“impeachment”.
Ver. Cláudio Sebenelo, V. Exa. que entende muito de saúde, venha aqui nesta tribuna e explique por que o seu Governo está ajudando banqueiros, e não aos cidadãos deste País a terem uma boa saúde? Neste País, o Governo gasta com um cidadão uma renda per capita de oitenta e quatro reais, enquanto que na Argentina gastam quinhentos reais e nos Estados Unidos três mil e quinhentos reais. O que o seu Governo, Ver. Cláudio Sebenelo, está fazendo ao passar informações e recursos para banqueiros, e não para os cidadãos desta Cidade? Essa CPI, Ver. João Dib, com certeza vai apurar isso, e, se for necessário, nós vamos para as ruas pedindo o “impeachment” do Presidente Fernando Henrique Cardoso, dizendo que ele faz um Governo voltado para banqueiros, que passa informações para eles, que arrebenta com a moeda nacional e que se entrega ao FMI. Vamos colocar o povo nas ruas contra o Presidente Fernando Henrique Cardoso para dizer que dessa maneira não dá. Se nós já tiramos o ex-Presidente Fernando Collor de Mello, com certeza vamos tirar o Presidente Fernando Henrique Cardoso. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é
preciso que se diga, desde logo, que nenhum dos partidos que compõem a base de
sustentação do Governo Fernando Henrique tem qualquer compromisso com eventuais
irregularidades ou desonestidades que ocorrem em qualquer ponto da
administração federal. Se elas ocorrerem, têm que ser corrigidas de forma
exemplar. Isso não implica que nós, de forma irresponsável, venhamos a
agasalhar o “denuncismo” que se estabelece neste País com afirmações oriundas
de revistas de grande circulação no País, as quais, em nenhum momento, colocam
uma acusação formal contra determinadas autoridades, como é o caso concreto do
ex-presidente do Banco Central, que é acusado por essa revista. Em toda a
acusação não há uma afirmação concreta, senão aquela afirmação: “Ouviu-se de
pessoa vinculada a Fulano de Tal, que não quis se identificar, que teria
ocorrido tal situação”. Essas irresponsabilidades não podem, de modo algum, ser
levadas a sério neste País, devem ser denunciadas como forma de “denuncismo”
vago e irresponsável.
O
Jornal do Comércio, hoje, refere-se a uma situação em Porto Alegre em que a
pessoa que está fazendo a denúncia diz que não tem como provar, e a pessoa que
lhe transferiu a denúncia não quer se identificar. O anonimato, nessas
circunstâncias, é absolutamente deplorável, porque não pode, de forma nenhuma,
ser levado a sério. E quem agasalha esse tipo de “denuncismo” irresponsável,
com ele torna-se conivente, e fica - permita-me, Ver. Renato Guimarães -
fazendo bravatas aqui na tribuna: “Já derrubamos um Fernando; vamos derrubar
outro!” Está confessando esse desejo, incapaz de ser negado, de que quer um 4º
turno nas eleições presidenciais e que pretende buscar, de qualquer forma, se
for necessário pelo “denuncismo” irresponsável, se for necessário com práticas
políticas absolutamente detestáveis, a revanche que as urnas não lhe concede.
Esse é o grande drama do Partido dos Trabalhadores, duas vezes derrotado pelo
Presidente Fernando Henrique. Com o Fernando Collor, pelo desaviso e o
despreparo, encontrou brechas pelas quais a revanche ocorreu. Agora,
enganam-se, equivocam-se, não vão conseguir, com esse “denuncismo”
irresponsável, impatriótico e, sobretudo, descomprometido com a verdade, chegar
aos seus objetivos tão proclamados, e aqui, desta tribuna, de forma tão
expressa assinalados e gizados.
Repito:
não tenho a pretensão de falar em nome do PSDB, do PPB, do PMDB. Sei, porque
conheço o sentimento desses companheiros de jornada, que nenhum de nós quer
encobrir qualquer desvio de conduta que tenha ocorrido na Administração Pública
Federal; mas, também, nenhum de nós vai entrar nessa carona, vai entrar nessa
embarcação, vai entrar nessa jornada sem fim de se solidarizar com o
“denuncismo” irresponsável e, sem prova, fazer assacadilha contra quem quer que
seja neste País.
Estão
instaladas, no Congresso Nacional, duas CPIs: uma que envolve o Judiciário,
outra que envolve o Sistema Financeiro Nacional. Se dessas CPIs resultarem
fatos concretos, que mereçam a nossa reprovação, não precisa o PT cobrar, nós
saberemos fazê-lo, como o fizemos em outros momentos. Porque quando se diz que
o Fernando Collor foi afastado da vida pública deste País em função do
resultado de uma CPI, se esquece, propositadamente, de dizer que o PT, sozinho,
não conseguiria nada disso, porque não tem votos, não tem força política, não
tem condição para realizar isso que foi realizado pelo PFL, pelo PSDB, pelo
PMDB, pelo PPB, partidos que têm força e responsabilidade nesta Nação. Força e
responsabilidade! Quero declarar a inconclusão, que é irresponsável se vir
nesta tribuna fazer coro com o “denuncismo” inconseqüente que se instala neste
País, para tentar estabelecer o 4º turno da revanche eleitoral do PT. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Havendo quórum, passamos à
(encaminhamento: autor e bancadas/05
minutos/sem aparte)
PROC.
1335/97 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 011/97, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que
dispõe sobre a destinação de terrenos não-edificados no Município de Porto
Alegre e dá outras providências. Com
Emenda nº 01.
Pareceres:
- da CCJ. Relator Ver. Juarez Pinheiro: pela rejeição do Projeto;
- da CEFOR. Relator Ver. Luiz Braz: pela aprovação do Projeto;
- da CUTHAB. Relator Ver. Paulo Brum: pela aprovação do Projeto.
Observações:
- para aprovação, voto favorável da
maioria absoluta dos membros da CMPA - Art. 82, § 1º, I, da LOM;
- incluído na Ordem do Dia por força do art. 81 da LOM;
O SR. PRESIDENTE: Em votação o PLCL nº 11/97. O Ver.
Reginaldo Pujol está com a palavra para encaminhar como autor da proposição.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, como
há um descompasso entre a discussão desse projeto e a sua votação, esse
encaminhamento tem o condão de buscar relembrar aos Srs. Vereadores do que
trata esse Projeto, acoimado, inicialmente, de ser inconstitucional, e que,
pela pena brilhante do Ver. João Dib, viu afastado por inteiro qualquer tipo de
entendimento que era sustentado como fundamento para a alegada
inconstitucionalidade. Lembrem-se todos que o Ver. João Dib acrescenta, ao art.
3º, após a palavra “apresentada”, a expressão “se aprovado o requerimento”, e
suprime, também, o art. 8º. Para que todos se lembrem, o artigo emendado pelo
Ver. João Dib, exatamente o art. 3º, diz: (Lê.) “Após a análise da documentação
apresentada, o Executivo Municipal convocará o proprietário para a assinatura
do Termo de Comodato, cedendo o imóvel, pelo período contratado, à comunidade,
através dos seus responsáveis, para celebração do termo de cessão da área para
o desenvolvimento da atividade a que se destinará”.
O
Ver. João Dib propõe: (Lê.) “A isenção de que trata esta Lei Complementar
deverá ser solicitada pelo proprietário do terreno mediante requerimento
instruído com abaixo-assinado da comunidade interessada na utilização da área”.
Aí é que vem a expressão: “se aprovado o requerimento.”
Sua
Excelência consegue, com muita propriedade, colocar de forma bem expressa, no
Projeto de Lei, o que justificou, do Ver. Elói Guimarães, Presidente da
Comissão de Constituição e Justiça, uma saudação ao Ver. João Dib pela
sensibilidade com que o nosso decano, com sua experiência parlamentar neste
Legislativo, ensejou que se retirasse do Projeto qualquer resquício de
inconstitucionalidade, deixando claro que a Câmara Municipal não está indo além
da sua competência, resguardando o Projeto na sua essência e dando condições,
ao Executivo para que, examinado caso a caso, visse quais as situações que
realmente contemplavam o interesse da comunidade e que justificavam, no bairro
onde se encontrasse a área a ser cedida para utilização comunitária, a
possibilidade concreta e real de assim ser concedida.
Resguardada
a competência final do Prefeito Municipal de decidir sobre a matéria, não há
como se falar que a Casa esteja a se imiscuir na competência privativa do Sr.
Prefeito Municipal, estatuída no art. 94, da Lei Orgânica do Município. Se
todos os que se manifestaram foram unânimes em declarar o mérito da proposição,
se o risco é de que nós pudéssemos, de alguma forma, estar cometendo esse
equívoco da inconstitucionalidade, e estando essa superada, fiquem tranqüilos
todos os Srs. Vereadores. Especialmente aqueles que haviam comentado o mérito
da proposição e lamentado que ela pudesse ser acoimada de inconstitucional,
porque a superação obtida com a diligência e a inteligência do Ver. João Dib,
nos oferece esta possibilidade real, concreta, de votarmos o Projeto e darmos
ao Prefeito uma ampla possibilidade para que ele estimule de uma lado a
participação comunitária, de outro a integração comunitária, e, sobretudo, o
aproveitamento de áreas consideráveis e qualificadas na Cidade para uma
utilização adequada com aquilo que é um objetivo último de uma Administração
que é o bem-estar da comunidade. É a soma: comunidade, livre iniciativa e
Administração Pública, é o que se busca neste Projeto.
Esperamos
que experiências outras que aqui foram salientadas que ocorrem nas mais
diferentes metrópoles brasileiras e do mundo possam, aqui em Porto Alegre, pela
clarividência do coletivo da Casa, ser propiciadas como alternativas concretas
ao Sr. Prefeito Municipal. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Elói Guimarães está com a palavra
para encaminhar.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu já
tive oportunidade de examinar a presente matéria. Eu diria que se trata de um
bom Projeto, salvo melhor e fundado entendimento, e digo por quê. O Ver. João
Dib colocou uma Emenda que eu reputo fundamental para resguardar a
constitucionalidade do Projeto. Vejam que se trata de fazer-se uma parceria do
Município com o proprietário do imóvel para atender políticas que pode adotar o
Município, voltadas à recreação esportiva de lazer, e representa uma economia
para o Município, sim, em determinadas circunstâncias. Talvez a necessidade não
seja agora , mas poderá ser amanhã.
Então,
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Projeto nesse sentido é bom. Primeiro,
porque ele resguarda o Chefe do Executivo de, se entender, após toda a
tramitação que o Projeto recomenda - o Requerimento do proprietário, o apoio
via abaixo-firmado da comunidade - que é importante dotar a área de
equipamentos para se fazer recreio, do ponto de vista esportivo, eu acho
importante e de baixo custo.
Quanto
à isenção do IPTU, considerando-se que se trata de uma área grande, custaria
muito mais para o Município, se fosse o caso, se tivesse que alugar. Imaginem se o Município tivesse que alugar
uma área para construir um parque esportivo, uma cancha de esportes, seja de
que natureza for, ou ter que dispor de uma área sua ou ter até mesmo que
comprar. Eu não vejo nenhuma dificuldade, Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Não
se trata de um Projeto, vamos deixar claro, para privilegiar dono de área e
especuladores de imóveis na Cidade de Porto Alegre, absolutamente não. O
Prefeito tem que deferir o Requerimento. Por isso, eu dizia ao Ver. João Dib
que houve um estalo do Padre Vieira. Todos conhecem a história do Padre Vieira
que, em determinados momentos, tinha estalos intelectuais e colocava as coisas
no rumo certo. Isso se dá com a Emenda do Ver. João Dib, pela qual se torna
imprescindível a aceitação por parte do Executivo, porque, caso contrário, estaríamos
impondo ao Executivo e nos faltaria legalidade, constitucionalidade,
legitimidade. Não se impõe ao Prefeito Municipal, o pedido é feito ao Prefeito
e este, examinando a conveniência administrativa e política, acede ao
Requerimento, vindo com o abaixo-firmado da comunidade.
A
meu juízo, o Projeto tem que ser aprovado, é uma boa idéia. Fica aqui o nosso
encaminhamento a favor da presente matéria. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Luiz Braz está com a palavra para
encaminhar.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o Ver.
Reginaldo Pujol estava num daqueles momentos de inspiração quando resolveu
escrever o texto deste Projeto. Este é um daqueles projetos que vêm beneficiar
largamente a população.
Temos, hoje, em nossa Cidade, principalmente nos locais mais centrais, uma grande dificuldade de encontrar espaços para serem destinados à população para a prática esportiva. Aqueles espaços que algum tempo atrás nós tínhamos fartamente para serem apresentados para que a população pudesse nele organizar festividades, organizar jogos, uma “peladinha”, etc., hoje não temos mais. Então, o Ver. Reginaldo Pujol, na sua inspiração propicia, através dessa isenção, que proprietários de áreas em regiões mais centrais da Cidade possam ser cooptados para esse plano, recebendo a isenção do IPTU - enquanto durar, é claro, o contrato com a comunidade - e entregar seu terreno para que o Município, juntamente com a comunidade, possam destinar aquele espaço a fim de que a comunidade possa dele fazer sua área de lazer.
O
Ver. João Dib apresenta uma Emenda que complementa bem a idéia do Ver.
Reginaldo Pujol, que diz que a oferta desse espaço somente começará a valer
como contrato se aprovada pelo Executivo. O Executivo, é claro, tem todo o
direito e o dever de administrar todas essas áreas. O Município não teria
praticamente nenhum prejuízo, e as comunidades teriam enormes benefícios,
porque áreas que hoje servem a outros interesses ou, muitas vezes, estão
entregues apenas à especulação imobiliária, estas áreas estariam sendo
oferecidas, ofertadas pelos proprietários à Prefeitura Municipal, a fim de que,
juntamente com a Prefeitura, a comunidade pudesse explorar aquele espaço, para
que o lazer pudesse fazer com que a população daquele local, as crianças
daquele local tivessem um espaço a mais para o seu desfrute.
O óbice colocado pela Procuradora seria o vício de iniciativa. Nós sabemos que este vício de iniciativa pode muito bem ser sanado pela sanção do Sr. Prefeito Municipal. Então, basta que o Sr. Prefeito Municipal queira, realmente, que as comunidades tenham um local a mais de lazer, e teremos esta idéia do Ver. Reginaldo Pujol chancelada com todas as condições possíveis para oferecer à comunidade este “plus”, este benefício, esta oportunidade de lazer.
Nos
dias em que vivemos, onde a falta de espaços já penaliza em demasia a nossa
população, principalmente em áreas mais centralizadas, todo este Plenário deve
aprovar a idéia do Ver. Reginaldo Pujol, com a Emenda do Ver. João Dib. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Está com a palavra o Ver. Renato
Guimarães, para encaminhar pelo PT.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, em
primeiro lugar, vamos esclarecer uma coisa: se a intenção desta Casa é colocar
à disposição dos cidadãos desta Cidade áreas para a prática de esportes, para o
lazer, devemos dizer que já existe uma Lei, aprovada nesta Casa, Lei do Ver.
João Bosco, que cumpre esse papel no momento em que diz, que no planejamento da
Cidade as áreas que têm destinação pública e que não estiverem sendo
utilizadas, podem ter o efeito de serem áreas utilizadas para prática de lazer
e prática de esporte, através de um processo semelhante ao que está sendo
anunciado aqui. Portanto, se nós estamos cumprindo o objetivo de que a
população disponha de áreas de lazer e de esporte, nós temos legislação na Casa
de um Vereador do PDT, Ver. João Bosco, que propõe isso: destinar áreas para
lazer e esporte, Projeto já aprovado. Essa é a primeira questão.
A
segunda questão é que nós não podemos contrabandear num Projeto - uma intenção
de fazer com que a comunidade tenha mais área de lazer - a questão de
desconstituir o Imposto Progressivo nesta Cidade. O vazio urbano desta Cidade
que não tiver destinação para moradia, tem que ter imposto progressivo, e a
legislação que está sendo oferecida, o Projeto de Lei que está sendo oferecido,
desconstitui o IPTU Progressivo. Nós queremos fazer esse registro, aqui! A
legislação é inconstitucional porque desconstitui o IPTU Progressivo. Esse é o
nosso segundo registro. Se a intenção do Vereador é fazer com que o
proprietário coloque à disposição área para esporte e lazer, que se assuma,
aqui, a condição de que esse proprietário vai continuar pagando o Imposto
Progressivo; vai continuar pagando o imposto sob essa área. Aí, sim, a intenção
vai ser legítima! O proprietário de uma área particular, de um vazio urbano na
Cidade de Porto Alegre vai pôr, por sua disposição, uma área à disposição do
povo, mas vai continuar pagando o IPTU até ele dar destinação concreta, como
diz o Plano Diretor, para essa área.
A
terceira questão, Ver. Reginaldo Pujol é que nós, em algumas tratativas, nos
propusemos a discutir uma alternativa para o Projeto que se assemelhasse ao
Projeto do Ver. João Bosco, no sentido de que, se nós temos situações em Porto
Alegre de áreas particulares que o proprietário se proporia a ceder para
destinação de esporte e lazer, nós abriríamos um debate sobre a utilização
desta área e sobre que tipo de imposto esse proprietário teria que pagar. Mas
não isentar, não fazer, aqui, projeto de lei que mostra uma cara para a
sociedade e, por outro lado, isenta o grande proprietário de terra no Município
de Porto Alegre.
O
Prefeito tem obrigação de cobrar IPTU dos vazios urbanos. A Lei diz isso, a Lei
do Imposto Progressivo diz isso, e é o que nós vamos cobrar do Prefeito.
Portanto, não adianta fazer emenda dizendo que fica a cargo do Prefeito aceitar
ou não. Não é essa a questão. Se o Prefeito aceitar esse processo, ele está desconstituindo
o Imposto Progressivo, portanto ele está lesando a Cidade de Porto Alegre; ele
está lesando o cidadão de Porto Alegre.
Portanto,
se a intenção do Projeto é por área de esporte e lazer para o cidadão de Porto
Alegre, o Projeto do Ver. João Bosco faz isso. E por isso nós somos pela
aplicação do Projeto do Ver. João Bosco Vaz e pela rejeição do Projeto agora em
debate, porque ele desconstitui o imposto progressivo, desconstitui a política
de arrecadação do Município de Porto Alegre, que arrecada para aplicar em
saúde, educação e política habitacional. E não é esta a intenção desse
Processo. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Antonio Hohlfeldt está com a
palavra para encaminhar.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, dois
elementos do discurso anterior do Líder do PT me trazem à tribuna. O primeiro é
pretender denunciar que o Projeto do Ver. Reginaldo Pujol seria uma
desconstituição do IPTU progressivo, como se o IPTU progressivo estivesse constitucionalmente
implantado nesta Cidade. Ora, os Vereadores têm obrigação de estarem informados
e ler o Diário Oficial da União, entre outros jornais, para saber que, embora
ele não tenha sido desconstituído do ponto de vista global como legislação total,
todos os cidadãos ou grupo de cidadãos que tenham entrado na Justiça contra o
IPTU progressivo têm tido ganho de causa. Portanto, não há desconstituição
alguma no Projeto do Ver. Reginaldo Pujol simplesmente porque não há nada
constituído.
Embora
o meu posicionamento particular seja favorável ao imposto progressivo, “stricto
sensu” do ponto de vista da Justiça, o Imposto Territorial Progressivo é
inconstitucional. Ele simplesmente não é derrubado porque nunca houve uma ação
coletiva. Se houvesse, nós acabaríamos com ele no Município de Porto Alegre e
nos demais municípios onde ele estivesse sendo eventualmente implantado. Mas
todos aqueles, particulares ou grupos, que tenham entrado com ações têm tido
ganho de causa. Então, o primeiro argumento do Ver. Renato Guimarães está
derrubado.
O segundo argumento é de que entre o Projeto do Ver. Reginaldo Pujol e o Projeto do Ver. João Bosco Vaz, o do Ver. João Bosco Vaz é melhor. E aí o Ver. Renato Guimarães, talvez inadvertidamente, escorrega na confissão. Na verdade, é melhor o Projeto do Ver. João Bosco Vaz, mas a minha pergunta é: já foi praticado pela Prefeitura? Tem sido praticado pela Prefeitura? O Ver. Renato Guimarães é mal-educado, porque teima em descumprir o Regimento desta Casa, em responder atrapalhando um orador. Mas consideremos que tem sido praticado, conforme o Vereador grita lá do outro lado. Talvez, o Vereador possa gritar e dizer onde, para podermos localizar. Porque “chutar” e pretender tratorar na base do “sim já foi” e não comprovar, não vai colar. O Vereador deveria, no seu encaminhamento, ter trazido a prova: já tem sido praticado, sim, no bairro tal, na rua tal e local tal Que eu saiba, até hoje, não foi praticado, e o que nós temos, de novo, é uma tergiversação. É a teoria do bode. Como o Projeto de Ver. Reginaldo Pujol, de uma certa maneira, vira o bode mais fedorento, porque é um desafio mais claro e que desmistifica mais claramente a posição da Prefeitura, então se fica com aquele que, entre aspas, é o menos pior para a fúria arrecadadora do IPTU que a Prefeitura apresenta.
Vou
repetir e desafiar o Ver. Renato Guimarães que, dentro de um tempo do seu
partido e respeitando o Regimento da Casa, nas próximas vezes, independente do
resultado da votação, traga aqui imóvel por imóvel onde já foi aplicada a
legislação votada por esta Casa.
(Apartes
anti-regimentais.)
Sr.
Presidente, se V. Exa. quiser me ajudar, ficaria muito satisfeito.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Antonio Hohlfeldt, vou suspender o
tempo de V. Exa.
Vereador,
estava observando os apartes anti-regimentais e tive o entendimento inicial de
que, como não estavam sendo feitos em tom que pudessem, em princípio,
prejudicar sua intervenção, não quis atrapalhar o seu raciocínio. Mas se V.
Exa., agora, se sente prejudicado, quero solicitar aos demais Vereadores e
àqueles que estavam fazendo apartes anti-regimentais que não o façam, para que
o Vereador tenha toda a tranqüilidade para expor aquilo que pensa em relação a
essa matéria.
Ver.
Antonio Hohlfeldt, reponho o tempo de V. Exa.
O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Obrigado Sr. Presidente. Quero, então,
aqui ratificar o desafio: que o Ver. Renato Guimarães, dentro do Regimento, nos
traga os informes na próxima Sessão, sexta-feira, ou na próxima semana - dá
tempo para ele buscar os informes na Fazenda- de quantas vezes o Município de
Porto Alegre já aplicou a legislação do Ver. João Bosco Vaz. De fato, sem
nenhuma confusão. Eu duvido que ele possa trazer. Até porque, eu acho que uma
legislação não confronta com a outra, porque, pela Emenda do Ver. João Dib, o
Executivo poderá optar por uma ou por outra, buscando o apoio da legislação do
Ver. João Bosco Vaz ou do Ver. Reginaldo Pujol. Eu fico com as duas. Este,
talvez, é um daqueles raros casos, em que abundância não é prejudicial. Ao
contrário, eu duvido que o Município de Pelotas, que tem um belíssimo
patrimônio arquitetônico, tenha sobrevivido à sanha imobiliária, não tivesse
uma legislação, ao tempo do Prefeito Bernardo de Souza, que era capaz de trocar
a salvação de imóveis, de prédios, por descontos e até isenção de IPTU.
Eu
também duvido que alguém vá colocar um terreno à disposição, pura e
simplesmente, por benemerência. Se nem a Prefeitura faz isso, por que um
particular vai fazer? Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a
palavra para encaminhar. Desiste.
Em
votação nominal, solicitada pelo Ver. Juarez Pinheiro, o PLCL nº 011/97. (Após
a apuração nominal.) (Pausa.) APROVADO
por 17 votos SIM e 15 votos NÃO.
Em
votação a Emenda nº 1 ao PLCL nº 011/97.
Solicito
ao Sr. 1º Secretário que leia o texto da Emenda.
O SR. 1º SECRETÁRIO: ( Lê o texto da Emenda.)
O SR. PRESIDENTE: Em votação nominal, solicitada pelo Ver.
Juarez Pinheiro, a Emenda nº 1 ao PLCL nº 011/97. (Pausa.) (Após a apuração
nominal.) APROVADA por 19 votos SIM e 12 votos NÃO.
(encaminhamento: autor e bancadas/05
minutos/sem aparte)
PROC.
1241/98 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 002/98, que altera dispositivo da Lei
Complementar nº 133, de 31 de dezembro de 1985, e dá outras
providências.(possibilidade de convocação para RDE, de servidores sem formação
universitária ou habilitação legal equivalente, conforme exceções previstas em
lei) Com Emenda nº 01.
Pareceres:
-
da CCJ. Relator Ver. Juarez Pinheiro: pela aprovação do Projeto;
- da CEFOR.
Relator Ver. Clovis Ilgenfritz: pela aprovação do Projeto;
-
da CUTHAB. Relator Ver. Paulo Brum: pela
aprovação do Projeto.
Observações:
-
para
aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA - Art. 82, §
1º, I e III, da LOM;
O SR. PRESIDENTE: Em votação o PLCE nº 002/98, com Emenda nº 01.
Em
votação Requerimento de autoria do Ver. Guilherme Barbosa, solicitando seja
adiada a votação, por uma Sessão, do PLCE nº 002/98. (Após a chamada.) REJEITADO por 13 votos SIM e 16 votos NÃO.
Em
votação o PLCE nº 002/98. O Ver. Guilherme Barbosa está com a palavra para
encaminhar.
O SR. GUILHERME BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, este
Projeto está há bastante tempo na Casa, e pelas conversas que temos realizado
com outros Vereadores, parece-me que há uma certa incompreensão sobre o
objetivo desse Projeto, o que ele pretende claramente. Hoje, a Lei que abrange
todos os funcionários municipais determina que nós devemos ter, para alguns
cargos, a exigência da titulação de nível superior para que esses cargos sejam
ocupados, e a partir daí que essas pessoas sejam convocadas para o Regime de
Dedicação Exclusiva. Esses cargos que estão em discussão, permitem que pessoas
de nível superior, ou pessoas de nível médio, os ocupem. Quando as pessoas de
nível médio ocupam esses cargos elas têm uma remuneração básica, em torno de
quatrocentos e vinte reais; quando os cargos são ocupados pelas pessoas de
nível superior, com acréscimo da GIT, e assim por diante, essas pessoas têm uma
remuneração em torno de um mil e oitocentos reais. Estou falando em números
redondos. Portanto, uma diferença de um mil e quatrocentos reais. A pretensão
do Executivo é que esses cargos possam ser, além de ocupados por pessoas de
nível médio, que elas possam ser convocadas, Ver. Pedro Américo Leal, para o
Regime de Dedicação Exclusiva. Mesmo assim, com todo o acréscimo que advém,
essas pessoas terão uma remuneração máxima de um mil e duzentos reais, não
chegarão jamais aos um mil e oitocentos reais. Alguns Vereadores comentaram que
esse Projeto iria aumentar a despesa da Prefeitura com algumas pessoas que são
do Partido, e assim por diante. Isso não é verdade, porque esses cargos já
existem, já estão ocupados por pessoas de nível superior e, na verdade, com
essa modificação o que pode ocorrer é exatamente a Prefeitura diminuir a
despesa com esses cargos, porque hoje já estão sendo ocupados por pessoas de
nível superior que ganham um mil e oitocentos reais, podendo ser ocupados por
pessoas que, no máximo, receberão um mil e duzentos reais. Portanto, se houver
uma modificação, será a menos para a Prefeitura, e não a mais, como alguns
Vereadores disseram. Se ocorrer alguma modificação, será para a redução.
Com
a Emenda apresentada pelo Ver. Pedro Américo Leal - com a qual concordamos e
iremos votar favoravelmente, demonstrando que o Executivo não quer virar de
cabeça para baixo isso que aceitamos - no máximo, trinta por cento desses
cargos serão ocupados por pessoas de nível médio. Portanto, Ver. Pedro Américo Leal,
nós estaremos votando com a Emenda de V. Exa., que abrirá apenas a
possibilidade para trinta por cento desses cargos e haverá diminuição de gastos
da Prefeitura ao fazer essa modificação. Depois, Ver. Juarez Pinheiro, e nós
sabemos que tem a simpatia do Ver. Nereu D’Ávila, Presidente desta Casa,
imediatamente poderemos fazer a modificação também para a Câmara de Vereadores,
porque é uma questão de justiça. Digo e reafirmo que a modificação significará
redução de gastos com pessoal.
Portanto,
peço o voto de todos os Srs. Vereadores, pela importância do Projeto. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Solicito que o Ver. Paulo Brum, digno 2º
Vice-Presidente, assuma a direção dos trabalhos. Se o Ver. Paulo Brum declinar,
ficará impedido de votar, e então vou solicitar que o Vereador 1º, 2º ou 3º
Secretário assuma a direção dos trabalhos.
Ver.
Paulo Brum, V. Exa. não quer assumir?
O SR. ISAAC AINHORN (Questão de Ordem): V. Exa. pode convidar o Ver. Paulo Brum
para secretariar a chamada nominal, mas, neste momento, entendo que não há
impeditivo nenhum de que V. Exa. continue à frente dos trabalhos desta Casa. V.
Exa. é o Presidente da Casa no dia de hoje, conquanto o Ver. Nereu D’Ávila se
encontra em Brasília.
O SR. PRESIDENTE: Ver. Isaac Ainhorn, vou responder a V.
Exa. que, com urbanidade, fez a Questão de Ordem, como realmente deve ser nesta
Casa.
Este
Vereador está aqui, hoje, desde as 13 horas e 50 minutos. Não se retirou sequer
uma vez da direção dos trabalhos. Neste momento, vou-me retirar porque tenho um
compromisso no meu gabinete e tenho uma orientação da minha Bancada. Em segundo
lugar, se não assumir o 2º Vice-Presidente, quero informar a V. Exa. que, em
conformidade com o Regimento - o Ver. Luiz Braz viveu isso comigo no ano
passado, na votação de um projeto - se a pessoa, na ordem hierárquica, não
assumir a sua tarefa, fica impedida de votar. Tenho a obrigação de orientar a
Plenário, porque estudei essa matéria. A partir do momento em que um Vereador,
na seqüência hierárquica, não assume a sua tarefa na Mesa, esse Vereador fica
impedido de votar. Se não houver nenhum membro da Mesa que queira assumir a
direção dos trabalhos, vou solicitar ao Vereador mais idoso que assuma a
direção dos trabalhos.
O SR. JOÃO DIB (Questão de Ordem): Sr. Presidente, penso que todo o esforço
que V. Exa. fez aqui foi inócuo porque a Lei Orgânica determina que a aprovação
se fará por maioria absoluta. Então, ninguém pode ser dispensado de votar,
muito menos proibido de votar. Todos votam.
O SR. PRESIDENTE: Ver. João Dib, V. Exa. levanta uma
questão importante que preciso verificar. Este 1º Vice-Presidente, que ora
exerce o papel de Presidente, informa a V. Exa., Ver. Isaac Ainhorn, que não
sou Presidente no dia de hoje porque não recebi tarefa do Presidente da Casa,
mas estou aqui cumprindo as minhas tarefas, enquanto membro da Mesa, assim como
V. Exa. exerceu, várias vezes, no ano que passou. O entendimento que este
Vereador tem é que, quando não está o Presidente, mas realmente a Questão do Ordem
do Ver. João Dib procede, porque no caso de ser uma exigência de maioria
absoluta, todos os Vereadores votam. Nesse sentido, queria que a Diretoria
Legislativa tenha esse entendimento também.
De
qualquer forma, este Vereador solicita que o 2º Vice-Presidente da Casa assuma
a direção dos trabalhos. A questão vai ser dirimida, se vota ou não vota, por
quem estiver na direção dos trabalhos e não por mim, porque não estarei na
Presidência.
O SR. LUIZ BRAZ (Questão de Ordem): Sr. Presidente, V. Exa. tem razão. Sempre
que estiver presente, dentro da linha sucessória, aquele que tiver o cargo mais
elevado, dentro do Plenário, é aquele que exerce a presidência, na ausência do
Presidente. É claro que estando presente o Presidente, quem preside os
trabalhos é ele; mas, se V. Exa., que é o 1º Vice-Presidente, resolve
ausentar-se, conseqüentemente, tendo o 2º Vice-Presidente aqui na Casa, é ele
quem vai assumir os trabalhos.
O SR. PRESIDENTE: Muito obrigado. Mais uma vez, V. Exa.
contribui para o bom andamento dos trabalhos.
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra
para encaminhar pelo PDT.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, este
Projeto do Executivo - que não é bom, que deixa a desejar - denuncia os baixos
salários dos funcionários da Prefeitura. Esses funcionários, que têm curso
superior, ganham pouco. A meu juízo, eles deveriam ser melhor pagos, e isso
reclama, de parte do Executivo, de uma política salarial no sentido de resgatar
as dificuldades imensas por que passam os servidores municipais.
Eu
digo que este Projeto não é bom, porque ele contraria uma política de estímulo
à profissionalização e à qualificação do serviço público, qual seja, a de dar
um tratamento melhor àqueles que se esforçaram, tiraram um curso superior; daí,
o Regime de Dedicação Exclusiva, que é para trazer um estímulo àquele servidor
que tem curso superior. Mas se pudéssemos, Sr. Presidente e Srs. Vereadores -
vejam bem -, estender a todos os servidores o regime de dedicação exclusiva, aí
concordaríamos, porque aí o Projeto traria um melhor tratamento pecuniário a
essas pessoas. Não tenho dúvidas: são pessoas altamente qualificadas. O que nós
não podemos fazer é estabelecer privilégios. E o Projeto do Chefe do Executivo
endereça, encaminha para privilégios. Serão privilegiados aqueles que tiverem a
sorte de serem convocados para o regime, aí se estabelece o privilégio. Não
queremos privilégio!
Por
isso venho à tribuna em nome do PDT dizer que o Projeto, nesse sentido, não é
bom. Se ele estendesse ao conjunto do funcionalismo, tudo bem. Mas não é isso
que ocorre efetivamente.
Por
outro lado, concretamente está-se dizendo no Projeto que o salário do
funcionalismo municipal está extremamente defasado e baixo. É preciso uma
política salarial para os municipários, no sentido de tirá-los dessa situação
de grandes dificuldades por que passam. Não é verdade que é só o funcionalismo
municipal, é o conjunto do funcionalismo brasileiro, porque a visão adotada
pelo Governo Federal, pelo Governo Estadual anterior e atual, e atualmente do
Município são visões que colocam no plano secundário o funcionalismo. Essa é
uma política que vem-se consertando no País para desqualificar o Estado,
porque, na medida em que se remunero mal o funcionalismo, está-se desqualificando
o Estado como instituição, que, a meu entender, presta relevante serviço - e
nem poderia ser diferente - à sociedade.
Então
o Projeto, de concreto, denuncia os baixos salários que são pagos ao
funcionalismo municipal, e força, a meu entender, o Chefe do Executivo a buscar
uma alternativa que não crie privilégio; senão, não serve. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Não há mais Vereador inscrito para
encaminhar a votação da matéria.
O
Ver. João Dib solicita votação nominal. Em votação o PLCE nº 002/98. (Após a
chamada.) Quinze votos NÃO. A
votação é considerada nula por falta de quórum.
O SR. LUIZ BRAZ (Requerimento): Sr. Presidente, solicito sejam nominados
os votos da presente votação.
O SR. PRESIDENTE: O Sr. 2º Secretário fará a leitura dos
nomes.
(É
feita a leitura dos nomes dos Srs. Vereadores que votaram.)
Declaro
nula a votação por inexistência de quórum. Estão encerrados os trabalhos da
presente Sessão.
(Encerra-se
a Sessão às 18h10min.)
* * * * *